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IPO de unidade de aviões do Bank of China mostra mudança na Ásia

Anurag Kotoky

30/05/2016 15h29

(Bloomberg) -- O céu da Ásia ficará mais movimentado nos próximos 20 anos à medida que as empresas aéreas comprarem aviões para transportar mais passageiros de economias em desenvolvimento. O momento não poderia ser melhor para a empresa de leasings de aeronaves BOC Aviation.

A BOC Aviation, um braço do Bank of China, deverá estrear na bolsa de Hong Kong na quarta-feira após captar 8,7 bilhões de dólares de Hong Kong (US$ 1,1 bilhão) em uma oferta pública inicial. A empresa vendeu ações novas e existentes a 42 dólares de Hong Kong cada no segundo maior IPO da Ásia neste ano e planeja usar os recursos para ajudar a pagar novos aviões.

As empresas aéreas que operam na região Ásia-Pacífico se movimentam para triplicar sua frota e estão achando mais barato alugar jatos em vez de comprá-los da Boeing ou da Airbus. E para o BOC, a divisão de leasing pode ser mais lucrativa do que administrar uma empresa aérea, o que ajuda a explicar por que os conglomerados comandados pelos bilionários de Hong Kong Li Ka-shing e Cheng Yu-tung estão ingressando no setor.

"Os chineses estão entrando no ramo de leasings porque veem um enorme potencial em seu próprio mercado e também na região Ásia-Pacífico", disse Shukor Yusof, fundador da Endau Analytics na Malásia. "Eles estão cheios de dinheiro."

A oferta de ações atraiu investidores como a Boeing e o fundo soberano de investimentos China Investment Corp., segundo os termos do acordo obtido pela Bloomberg.

As empresas aéreas da Ásia operarão mais de 16.000 aviões nos próximos 20 anos, quase o triplo do número atual, segundo estimativas da Boeing. A BOC Aviation, maior locatária da região, possui 270 aviões, o que ressalta as perspectivas de crescimento daquele que deverá se transformar no maior mercado de aviação do mundo.

Demanda da Ásia

Nos últimos 30 anos, o número de aeronaves de propriedade das locatárias que estão em operação deu um salto de 11 por cento ao ano, segundo a Phillip Capital, que tem sede em Cingapura. É o dobro do ritmo de crescimento da frota comercial, em que 40 por cento dos jatos são alugados.

No final do ano passado, a BOC Aviation tinha 241 aviões encomendados.

"Na região Ásia-Pacífico, estamos vendo uma demanda muito boa por aeronaves", disse Robert Martin, CEO da empresa com sede em Cingapura, em entrevista, em 18 de maio. "Quando falamos com os investidores, o que eles nos dizem é que realmente querem a chegada de uma campeã asiática ao mercado."

O negócio de leasing costumava ser dominado por empresas como a GECAS, apoiada pela General Electric, e a ILFC. Uma nova safra de empresas asiáticas está chegando para desafiá-las. Entre elas estão a BOC e a RBS Aviation, que é respaldada pela Sumitomo Corp.

"Não há motivo para que o crescimento asiático não deva estar casado com o financiamento asiático", disse Will Horton, analista do CAPA Centre for Aviation em Hong Kong. "O domínio e o distanciamento da América do Norte e da Europa podem vir na sequência."