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Risco de Trump e Brexit levam México a pedir US$ 88 bi ao FMI

Eric Martin

01/06/2016 15h46

(Bloomberg) -- A inesperada decisão do México de aumentar sua linha de crédito do Fundo Monetário Internacional sugere que o país está levando a sério a possibilidade de que Donald Trump se eleja presidente ou de que a Grã-Bretanha saia da União Europeia.

Na sexta-feira, o país aumentou em um terço sua linha de crédito, para o recorde de US$ 88 bilhões, e estendeu-a por dois anos. A decisão surpreendeu os observadores do mercado porque o acordo anterior, de US$ 67 bilhões, só iria vencer em novembro.

Para o Grupo Financiero Banorte - maior banco de capital aberto do México - o governo busca aumentar sua capacidade de resistir aos choques externos caso se concretize a chamada Brexit ou uma vitória de Trump, que prometeu implementar políticas que poderiam prejudicar a segunda maior economia da América Latina. O México já enfrenta uma volatilidade maior em seus mercados financeiros. O peso caiu 7 por cento só em maio, o que levou investidores estrangeiros a reduzirem seus ativos em títulos do país.

"As autoridades mexicanas tentaram negociar o aumento antes de um terceiro trimestre potencialmente volátil", disse Alejandro Padilla, diretor de renda fixa e estratégia cambial do Banorte na Cidade do México. "Há uma grande incerteza em torno da Brexit e de seus possíveis efeitos para os mercados financeiros. Também é preciso considerar o assunto de Trump e das eleições dos EUA, porque ele foi bem claro em relação à sua política externa".

'Riscos provenientes do exterior'

Ao explicar, na semana passada, os motivos do pedido de renovação antecipada e do aumento do empréstimo do FMI, ao qual o México nunca recorreu desde que o obteve em 2009, as autoridades do país mencionaram "riscos provenientes do exterior". Foram citados uma maior desaceleração da atividade econômica mundial, a incerteza quanto ao rumo dos aumentos de juros nos EUA e o potencial de maior desaceleração no comércio, no emprego e nos fluxos financeiros mundiais.

Ricardo Medina, porta-voz do banco central, preferiu não fazer comentários adicionais, atendo-se ao comunicado da semana passada quando consultado sobre mais detalhes dos riscos.

Somando as reservas internacionais à linha de crédito do FMI, o México tem US$ 265 bilhões a seu dispor para combater a volatilidade financeira mundial. O acréscimo de US$ 21 bilhões ao empréstimo ajuda a compensar os US$ 25 bilhões que o Banco do México gastou em vendas de dólares em 2015 para fortalecer o peso, uma medida que fez com que as reservas caíssem em novembro para o valor mais baixo em dois anos.

Para Padilla, do Banorte, a decisão do México de aumentar a linha de crédito contribuirá para que o peso se valorize cerca de 5 por cento até o fim do ano e para que as notas de referência do país se recuperem.