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Bancos europeus sentem aperto com juros negativos de Draghi

Nicholas Comfort

02/06/2016 11h19

(Bloomberg) -- Os maiores bancos da zona do euro lucraram menos com os empréstimos no primeiro trimestre porque a experiência do Banco Central Europeu com as taxas de juros negativas aumentou a dor provocada pela queda das negociações e pelos crescentes custos regulatórios.

A queda do lucro líquido com juros, a primeira em dois anos, poderá piorar após a redução da taxa de depósito do BCE para menos 0,4% em março, o que significa que a autoridade monetária está cobrando mais dos bancos para guardar o dinheiro excedente deles.

A próxima decisão do banco central sobre a taxa de juros será anunciada na quinta-feira e os economistas preveem que a política se manterá inalterada.

"No mundo bancário, atualmente estamos tendo dificuldades com as taxas de juros negativas", disse John Cryan, CEO do Deutsche Bank, em conferência em Nova York na terça-feira. "Teremos mais dificuldades ainda quando o efeito dessas taxas de juros negativas entrar nos nossos livros de depósito".

O lucro líquido com juros, ou seja, a diferença entre o que os bancos cobram dos clientes para concederem empréstimos e o que pagam pelos financiamentos, como por exemplo depósitos, caiu um total combinado de 2,5% nos 13 maiores bancos de capital aberto da região no primeiro trimestre em relação ao ano anterior, mostram dados compilados pela agência de notícias Bloomberg. O lucro antes de impostos dessas empresas teve um declínio de 20%.

"Este ambiente das taxas de juros surge em um momento ruim", disse Dieter Hein, analista da Fairesearch-Alphavalue. "Há muitas coisas pesando sobre os bancos no momento, como custos regulatórios mais elevados, exigências de capital, taxas e, em alguns casos, litígios".

Os bancos estão elevando as comissões quando possível e reduzindo as taxas de depósito para diminuir o impacto das medidas do BCE. Alguns também estão adotando medidas inimagináveis, como exigir que os clientes corporativos paguem juros sobre seus depósitos e até mesmo armazenar dinheiro em cofres para evitar cobranças do banco central. As medidas estão se mostrando insuficientes.

'Derretimento'

Se as taxas de juros ficarem onde estão, a receita combinada com empréstimos dos cinco bancos de capital aberto da Alemanha cairá 2,1 bilhões de euros em 2018 em relação ao ano passado, ou cerca de 9%, estimou Jochen Schmitt, analista do Bankhaus Metzler em Frankfurt.

À medida que os empréstimos antigos vencerem ou forem refinanciados, os bancos da zona do euro ficarão com um montante crescente de empréstimos mais novos tomados a taxas de juros mais baixas. Eles se mostrarão menos rentáveis se os custos de financiamento do banco também não caírem.

"Começaremos a ver a lucratividade sofrer cada vez mais pressão com o derretimento dos ativos mais rentáveis", disse Michael Huenseler, que ajuda a administrar 17 bilhões de euros, incluindo títulos bancários, na Assenagon Asset Management em Munique.