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Investidor particular do Japão compra dívida do país nos EUA

Kevin Buckland, Shigeki Nozawa e Finbarr Flynn

07/06/2016 16h19

(Bloomberg) -- Os investidores particulares japoneses, famintos por yields, estão comprando títulos em Wall Street já que as empresas do país estão vendendo quantidades recordes de dívida denominada em dólares.

A SBI Holdings começará a oferecer um fundo com dívida corporativa japonesa na moeda americana nesta terça-feira, que concorrerá com planos similares da Mitsubishi UFJ Financial Group e da Daiwa Securities Group. O SBI-Pimco Japan Better Income Fund inclui notas da Nissan Motor con um yield de cerca de 1,2 por cento com cobertura cambial completa, de dez vezes o valor das notas comparáveis em ienes, segundo um folheto para investidores.

"Como os yields dos papéis soberanos estão se tornando negativos, os investidores são obrigados a assumir riscos de crédito", disse Masataka Horii, diretor representante da SBI Bond Investment Management, uma joint venture entre a SBI e a Pacific Investment Management em Tóquio. "Desde que as empresas japonesas continuem se expandindo no exterior, elas precisarão de fundos em dólares".

Menos opções

A população que mais rápido envelhece no mundo viu como suas opções de investimento se reduziram depois que o banco central anunciou uma política de taxas negativas em janeiro. Os bancos pagam 0,001 por cento pelos depósitos de varejo, os yields da dívida do governo com vencimento em até uma década afundaram para valores negativos e as bolsas estão tendo o pior começo de ano desde 1995. A emissão em dólares das empresas japonesas vem crescendo em 2016 porque as empresas se expandem em economias de maior crescimento e os swaps de juros permitem às empresas com melhores notas de crédito ser pagas por tomar empréstimos.

As empresas japonesas venderam US$ 52,6 bilhões em dívida denominada em dólares no ano até agora, o que já é um recorde para o semestre, e superará o recorde anual registrado em 2015, de US$ 79,4 bilhões, segundo dados compilados pela Bloomberg.

O fundo SBI-Pimco abrange somente a dívida em dólares com cobertura cambial completa de companhias japonesas com notas de crédito A ou superiores - ou no caso em que um título não esteja disponível, os CDSs, segundo Horii. Além da Nissan, o fundo possui a Sony e a Nomura Holdings em sua carteira de 20 nomes, 13 dos quais são instituições financeiras.

Mais riscos

Uma sequência de escândalos recentes com empresas japonesas destaca o possível risco de tais investimentos. Horii, o gerente do fundo, disse que ele não teria previsto as infrações contábeis que afetaram a Toshiba. Os papéis da empresa em ienes com vencimento em dezembro de 2019 caíram para o valor mínimo de cerca de 82 por cento do valor nominal em fevereiro, mostram dados da Bloomberg.

Os custos de cobertura são outra ameaça para os retornos e já estão diminuindo quase 0,9 por cento os yields na carteira modelo, segundo o folheto. O fundo usa futuros de ienes para um mês, que subiram no começo deste mês para o valor mais caro desde meados de dezembro em meio à perspectiva de um aumento nas taxas de juros dos EUA.

Os ativos financeiros das famílias japonesas em dinheiro e depósitos chegavam a 902 trilhões de ienes no final do ano passado, mais de metade do total, segundo dados do Banco do Japão. O dinheiro em fundos de investimento representava 5,5 por cento.

"A passagem de depósitos para investimentos tem sido gradual", disseram por e-mail o presidente do conselho da Pimco Japan, Akinori Matsui, e seu presidente, Shinichi Yamamoto. "Contudo, acreditamos fortemente em que um aumento antecipado dessa mudança estrutural será um importante fator de impulso ao crescimento sustentável".

Título em inglês: Japan Mom & Pop Investors Shop on Wall Street for Debt From Home

--Com a colaboração de Tom Redmond e Daisuke Sakai Para entrar em contato com os repórteres: Kevin Buckland em Tóquio, kbuckland1@bloomberg.net, Shigeki Nozawa em Tóquio, snozawa1@bloomberg.net, Finbarr Flynn em Tóquio, fflynn3@bloomberg.net, Para entrar em contato com os editores responsáveis: Telma Marotto tmarotto1@bloomberg.net, Patricia Xavier

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