Mercado de derivativos de crédito reforça defesas contra Brexit
(Bloomberg) -- Investidores do mercado de dívida nesta semana correram em busca de proteção contra o risco de saída do Reino Unido da União Europeia. As últimas pesquisas de opinião mostram que a possibilidade de saída é real.
Negociadores de derivativos de crédito já tinham comprado e vendido quase o equivalente a um dia todo de seguro contra calotes em dívidas com grau de investimento na Europa às 9:30 da manhã, em Londres, nesta sexta-feira, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. Os volumes de negócios com referências globais para contratos de proteção contra calotes (credit-default swaps ou CDS) dispararam nesta semana, elevando a volatilidade e o custo dessas operações.
No mundo todo, investidores se preparam para o resultado da votação de 23 de junho sobre permanência ou saída do Reino Unido da UE, formada por 28 nações. Os bancos centrais dos EUA e Japão se juntaram ao Banco da Inglaterra e alertaram para a turbulência na economia global que a saída do bloco causaria, enquanto as pesquisas mostram avanço da campanha pela separação.
"Muitos achavam que a Brexit era tão improvável que não precisavam se preocupar e agora estão sofrendo algum grau de pânico", disse Gordon Shannon, gestor de carteiras da TwentyFour Asset Management, em Londres, que supervisiona 6,4 bilhões de libras esterlinas (US$ 9,1 bilhões) em ativos. "As pessoas estão fazendo hedges de última hora."
Campanhas suspensas
As campanhas dos dois lados foram suspensas na quinta-feira após o assassinato da parlamentar do Partido Trabalhista Jo Cox, que defendia a permanência na UE. Cox, 41 anos, foi morta a tiros na cidade de Birstall, norte da Inglaterra, na tarde de quinta por um homem que gritou "Bretanha primeiro", segundo uma testemunha.
Nesta semana, os índices de referência dos mercados de CDS ao redor do mundo subiram para os maiores níveis desde março, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. O índice Markit iTraxx Europa, que acompanha as operações de seguro contra calote por empresas com grau de investimento, caminha para o maior ganho semanal desde fevereiro. O índice equivalente para empresas americanas avança pela terceira semana seguida.
Trocaram de mãos nesta semana mais de US$ 50 bilhões em contratos de proteção relativos ao índice para a Europa. Só na terça-feira, foram negociados aproximadamente US$ 13 bilhões, o maior volume diário desde 21 de março. A reação veio após o jornal mais vendido do Reino Unido, o Sun, se posicionar ao lado da Brexit. Na quinta-feira, o volume atingiu US$ 11 bilhões, mais que o triplo da média histórica.
As empresas se mantêm longe do mercado de bônus apesar do custo de captação estar próximo do menor nível em registro. Pelo menos cinco pesquisas de opinião divulgadas nesta semana mostraram a campanha pela Brexit assumindo a liderança. O total de emissões diminuiu para 10,6 bilhões de euros neste mês, comparado a 25 bilhões de euros em ofertas de papéis com grau de investimento durante o mesmo período em maio, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. A Adler Real Estate AG adiou uma venda de títulos conversíveis, citando as preocupações dos investidores em relação ao referendo que se aproxima.
O Banco Central Europeu começou a comprar títulos corporativos com grau de investimento em 8 de junho. Mesmo assim, o prêmio médio exigido pelos investidores para ter papéis denominados em euros em vez de títulos públicos aumentou para 131 pontos-base, o maior spread desde 31 de março, segundo dados do Bank of America Merrill Lynch.
Os investidores acham que "os mercados podem passar por uma pesada onda de vendas por causa da Brexit", disse Jonathan Pitkanen, responsável por pesquisa sobre títulos com grau de investimento para Ásia, Europa, África e Oriente Médio da Columbia Threadneedle Investments, que supervisiona cerca de US$ 460 bilhões em ativos. "Muitos estão paralisados."
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