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Investidores estrangeiros fogem de ações 'chatas' da Rússia

Elena Popina

20/06/2016 14h50

(Bloomberg) -- As ações russas estão registrando alguns dos melhores retornos do mundo neste ano. E os investidores estrangeiros simplesmente não parecem estar muito interessados.

Os traders retiraram mais de US$ 448 milhões dos fundos negociados em bolsa (ETFs, na sigla em inglês) focados na Rússia em 2016, mostram dados compilados pela agência de notícias Bloomberg.

Apenas os ETFs que investem na China e em Taiwan tiveram saídas maiores entre os mercados emergentes. Os investidores adicionaram cerca de US$ 442 milhões aos fundos dedicados à Rússia em 2015, embora as ações do país tenham caído pelo terceiro ano seguido.

Os fundos russos vêm encolhendo neste ano em meio ao temor de que a recuperação das ações esteja perdendo o fôlego devido ao tropeço do aumento dos preços do petróleo, que influenciam fortemente os mercados financeiros do país.

Os economistas projetam uma recuperação em forma de L para a Rússia, na qual um forte declínio é seguido por um período prolongado de crescimento lento. Para os investidores, isto significa que é hora de encontrar oportunidades em outros lugares, segundo Rudolph-Riad Younes, que vendeu sua participação no maior fundo focado na Rússia como gerente de portfólio da R-Squared Capital Management, no ano passado, após mantê-la desde 2009.

"Até certo ponto o ETF era uma boa forma de fazer uma transação tática na Rússia, mas o impulso acabou e os investidores foram embora", disse Younes, por telefone. "As ações russas sobem quando o petróleo sobe e caem quando o petróleo cai, mas trata-se de um mercado um pouco chato que no momento não tem muito potencial".

A Rússia, maior exportadora de energia do mundo, está atolada em seu segundo ano de recessão em um momento em que o petróleo, vendido por pouco mais da metade do preço médio dos últimos cinco anos, está amplificando o impacto de sanções internacionais ligadas ao conflito na Ucrânia.

Tim Love, gestor de recursos que ajuda a administrar US$ 130 bilhões na GAM UK, ainda enxerga oportunidades para investimentos seletivos na Rússia porque as avaliações de algumas ações já refletem o impacto das sanções internacionais e dos preços mais baixos do petróleo.

"Alguns setores do mercado na Rússia estão se saindo melhor do que outros, e eu acho que o investidor ganha muito mais comprando ações individuais do que um ETF", disse Love, por telefone, de Londres. "Estou bastante otimista em relação à Rússia nesses níveis".

As ações russas do RTS Index, denominado em dólar, tiveram alta de 23% em 2016, o melhor desempenho do mundo depois das ações do Peru e do Brasil. O RTS deu um salto de 2,7%, para 934,99, nesta segunda-feira, segundo dia de ganhos.

"Não está acontecendo nada que desperte o interesse dos investidores no mercado russo", disse Vladimir Vedeneev, CEO da Raiffeisen Asset Management em Moscou, por telefone, na semana passada.

"Como as sanções ainda estão em vigor e os preços do petróleo continuam longe de onde estavam há dois anos, os investidores que não estão vinculados ao mercado estão procurando oportunidades em outros lugares".