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Ameaça do Brexit à inflação europeia favorece detentores títulos

Lukanyo Mnyanda

29/06/2016 12h33

(Bloomberg) -- A dor de cabeça de Mario Draghi após a decisão do Reino Unido de deixar a União Europeia está se mostrando benéfica para os detentores dos títulos soberanos de maior risco da região.

Um indicador das expectativas de inflação futura dos investidores teve uma queda recorde após o referendo do Brexit, na semana passada, tornando a extensão do programa de aquisição de ativos do Banco Central Europeu quase certa para alguns investidores. As subidas menores dos preços ao consumidor melhoram o valor dos pagamentos de títulos de renda fixa e dificultam a principal meta de Draghi, o presidente do BCE, que é guiar a inflação novamente a 2 por cento.

A especulação dos investidores está ajudando a estender uma alta que derrubou os yields dos títulos espanhóis de 10 anos ao menor nível em mais de um ano na quarta-feira. Embora os ganhos dos títulos alemães tenham perdido força, os títulos de 15 anos do país agora ingressaram no grupo com rendimento menor que zero.

Com os traders precificando uma política monetária mais relaxada de Washington a Tóquio depois que o choque provocado pelo referendo do Reino Unido derrubou a inflação, diminuindo a perspectiva de crescimento global, os investidores agora estão ignorando os riscos potenciais quanto à solvência dos países europeus com dívidas e déficits altos, segundo Peter Chatwell, chefe de estratégia de taxas do Mizuho International em Londres.

Sustentabilidade da dívida?

"O BCE terá que estender o programa em setembro e reduzir os juros. Por isso, se você pensar no que isso significa para a periferia [do continente], sim, é favorável", disse Chatwell, em referência ao programa de flexibilização quantitativa do banco central. "O que o mercado não está precificando é que ter um crescimento menor e uma inflação mais fraca também significa trazer de volta a dúvida quanto à sustentabilidade da dívida".

O yield dos títulos de 10 anos da Espanha caía dois pontos-base, ou 0,02 ponto percentual, para 1,30 por cento, às 11h30 pelo horário de Londres, após chegar a 1,23 por cento, nível mais baixo desde abril de 2015. O título de 1,95 por cento para abril de 2026 subia 0,185, ou 1,85 euro por 1.000 euros (US$ 1.109) de valor de face, para 106,015.

A taxa de swap cinco anos/cinco anos, um indicador das expectativas de inflação mencionado por Draghi anteriormente ao defender os estímulos monetários, ficou em 1,28 por cento após cair para 1,257 por cento em 27 de junho, nível mais baixo desde que a Bloomberg começou a monitorar os dados, em 2004, e longe da meta do BCE, de pouco menos de 2 por cento.

Existe uma probabilidade de 51 por cento do BCE reduzir os juros em setembro e 74 por cento de chance de que a decisão seja tomada até o final do ano, segundo dados de futuros compilados pela Bloomberg.