Banco do Japão quer ouvir investidor do mercado de títulos
(Bloomberg) -- Está difícil sentir-se otimista em relação aos rendimentos negativos dos títulos em ienes? A baixa recorde das negociações está te deprimindo? O Banco do Japão quer ouvir você.
O BOJ, como o banco central japonês é conhecido, realiza suas próprias pesquisas com investidores e dealers primários desde o ano passado, além de painéis de discussões do ministério das finanças com investidores e economistas. Nunca antes as autoridades japonesas foram tão abertas a tantas vias de discurso com os participantes do mercado.
O nível maior de comunicação não evitou um êxodo no mercado de títulos. Os maiores bancos do Japão reduziram a negociação de dívidas soberanas do país ao menor nível da história em maio, quando nove em cada 10 investidores em uma pesquisa do BOJ disseram que o funcionamento do mercado havia decaído ou não havia melhorado.
Os dealers primários disseram ao ministério das finanças, na semana passada, que alguns clientes temiam que 100% dos rendimentos se tornassem negativos, contra cerca de 85 por cento agora. Uma unidade do maior banco do país, o Bank of Tokyo-Mitsubishi UFJ, estuda retirar-se como dealer primário depois que o Royal Bank of Scotland Group tomou essa decisão, há um ano, por temor que os estímulos da compra de títulos pelo banco central estejam distorcendo o mercado.
"O investimento como negócio já não faz sentido em um mercado onde a liquidez está diminuindo, enquanto o trading está em declínio", disse Hidenori Suezawa, analista monetário e fiscal da SMBC Nikko Securities em Tóquio. "O problema é que simplesmente não existem títulos suficientes para negociar, por isso não faz diferença se as autoridades melhoram a comunicação com o mercado. Eles precisam perceber isso".
O volume de negociações entre os maiores bancos caiu em um terço em maio, para 10 bilhões de ienes (US$ 98 milhões), em relação ao mês anterior, segundo a Associação de Negociantes de Títulos do Japão. A média da última década é de 40 bilhões de ienes.
Os rendimentos estão negativos para prazos de até 15 anos, com a nota de referência de 10 anos rendendo -0,26% nesta sexta-feira em Tóquio, uma baixa recorde. No início do ano, rendia 0,27%.
"Os rendimentos ficaram muito abaixo dos níveis em que vale a pena mantê-los", disse Toru Suehiro, economista sênior de mercado do Mizuho Securities em Tóquio. "O BOJ aceitou que a negociação reduzida de títulos é um efeito colateral de seu programa de estímulos sem precedentes. Eles costumavam falar sobre o problema em suas reuniões com os participantes do mercado de títulos, mas parece que meio que desistiram disso agora".
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