Vendas de títulos em dólares na Ásia têm pior começo desde 2008
(Bloomberg) -- A emissão de títulos asiáticos denominados em dólares fora do Japão está titubeando justo quando as empresas enfrentam um recorde de pagamentos de dívidas.
As vendas no primeiro semestre recuaram 24% em relação ao mesmo período do ano anterior, para US$ 77 bilhões, o primeiro declínio de janeiro até junho desde a crise financeira global de 2008.
As ofertas de empresas chinesas, as maiores vendedoras de dívida em dólares da região, recuaram 21% porque o enfraquecimento do yuan e a queda dos yields onshore impediram os emissores do país de tomarem empréstimos offshore. O Goldman Sachs Group, a BlackRock e a Pacific Investment Management projetam que as vendas de papéis em dólares diminuam no segundo semestre.
No mercado asiático de yields altos, poderia haver certa emissão da Indonésia ou da Malásia, ao passo que as empresas imobiliárias chinesas estarão "amplamente ausentes" no segundo semestre, disse Julian Trott, diretor do consórcio de dívida para a região Ásia-Pacífico excluindo o Japão do Goldman em Hong Kong.
"Na maioria dos casos, a emissão será mínima em comparação com os vencimentos iminentes, o que será um problema para os gerentes de carteira".
A depreciação inesperada do yuan em agosto e outra sequência de oscilações cambiais no começo de 2016 fizeram com que muitas empresas chinesas se voltassem a seu país para procurar financiamento.
As vendas de notas locais da China deram um salto de 24% neste ano. As empresas da região, excluindo o Japão, enfrentam US$ 25,4 bilhões em vencimentos de títulos em dólares até o final do ano, encabeçadas pelas companhias sul-coreanas, com cerca de 32%; as chinesas, com 22%; as do Sudeste Asiático, com 18%; as indianas, com 16%; e as de Hong Kong, com 12%.
A BlackRock projeta que a emissão bruta de papéis em dólares na Ásia em 2016 seja mais baixa que no ano passado e "muito inferior" ao pico de emissão registrado em 2014, disse Neeraj Seth, diretor de crédito asiático do maior administrador de títulos do mundo.
A BlackRock está mantendo baixos níveis de risco por causa dos riscos macroeconômicos e da volatilidade esperada no mercado, disse ele.
A Pimco projeta que os temores provocados pelo Brexit provavelmente vão desacelerar a carteira no decorrer do verão boreal, segundo Luke Spajic, diretor de gestão de carteiras para os países emergentes da Ásia do administrador de ativos em Cingapura.
China
Os temores de calotes no mercado doméstico da China provocaram uma fuga para ativos de qualidade, o que dificulta que empresas com notas de crédito mais baixas refinanciem suas dívidas. Dezessete papéis negociados em bolsa na China deram calote no ano até agora, em comparação com seis em 2015, mostram dados compilados pela agência de notícias Bloomberg.
O total de dívidas das empresas de capital aberto da Ásia excluindo o Japão vem aumentando, ainda que a um ritmo mais lento. As obrigações agregadas cresceram 4,4%, para US$ 440,5 bilhões, com base nos últimos fatos relevantes.
As empresas enfrentam vencimentos de títulos em dólares pelo montante sem precedente de US$ 60,3 bilhões neste ano e devem pagar US$ 103,6 bilhões no ano que vem. A média de rendimentos para as notas corporativas asiáticas na moeda americana recuou 98 pontos-base neste ano, para o valor mínimo recorde de 3,5%, segundo índices do Bank of America Merrill Lynch.
"O rendimento será um problema enorme para os investidores, em particular pela queda dos rendimentos das notas de governos", disse Trott, do Goldman Sachs. "Mas eu não acho que os investidores vão descer na escala de notas de crédito em busca de rendimentos".
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