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Fed se opõe a pedido do FMI para ultrapassar meta de inflação

Andrew Mayeda

12/07/2016 14h45

(Bloomberg) -- O Federal Reserve (Fed) opôs-se à recomendação feita pelo Fundo Monetário Internacional de estar disposto a permitir que a inflação supere modestamente a meta. O banco central disse que uma medida semelhante seria contraproducente para seus objetivos, mostrou um relatório do FMI.

No mês passado, o FMI recomendou que o Fed aceite "certo excesso modesto e temporário" da meta de inflação, de 2%, considerando que o risco de que os incrementos de preços desacelerem e de que o banco central tenha que reverter a trajetória após elevar as taxas básicas de juros em dezembro pela primeira vez desde 2006.

O FMI fez o pedido em uma declaração publicada no dia 22 de junho, depois da revisão da maior economia do mundo feita anualmente pelo fundo.

A versão completa do relatório, publicada nesta terça-feira, revelou que as autoridades americanas "não pretendem arquitetar uma superação da meta" e disseram que os argumentos para o fazer não foram convincentes.

A visão do Fed também foi apoiada por "muitos diretores" representantes dos países-membros no conselho do FMI, que "estavam preocupados com os riscos de desancorar as expectativas de inflação e prejudicar a credibilidade da política monetária".

"Visar a superação da meta no médio prazo criaria o risco de ficar atrás da curva e a possibilidade de precisar aumentar as taxas mais rapidamente, especialmente se o ajuste do mercado de trabalho provocar um incremento da inflação mais rápido do que o visto até agora", segundo o relatório do FMI, que atribuiu os comentários a autoridades dos EUA.

"Isso poderia ter efeitos perturbadores e minar a concretização das missões do Federal Reserve, máximo nível de emprego e preços estáveis."

Embora o relatório, datado do dia 24 de junho, não especifique se as autoridades americanas eram do Fed ou do Departamento do Tesouro, Nigel Chalk, do FMI, disse a repórteres em uma teleconferência que os comentários sobre política monetária costumam ser feitos pelo banco central.

Como parte das consultas do fundo com os EUA, a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, se reuniu com a presidente do Fed, Janet Yellen, e com o secretário do Tesouro dos EUA, Jacob J. Lew, no fim de junho, disse o relatório.

Brexit

Embora o impacto sobre os EUA da decisão do Reino Unido de abandonar a União Europeia devesse ser pequeno, os riscos tendem para uma queda, disse o FMI em uma atualização publicada no dia 8 de junho e incluída na publicação desta terça-feira. Se os riscos de queda se materializarem, o Fed deveria adiar os aumentos das taxas de juros, disse o FMI.

O Brexit não impulsionou o dólar tanto quanto se projetava, e o declínio dos rendimento dos títulos do Tesouro flexibilizou as condições financeiras para consumidores e empresas, o que abrandou o impacto sobre os EUA, disse Chalk. "O efeito líquido sobre o crescimento é bastante desprezível", disse ele.

De modo geral, a economia americana está em boa forma, disse o FMI. Contudo, os EUA enfrentam um crescimento anêmico no longo prazo, a menos que o país tome medidas para enfrentar o crescimento lento da força de trabalho, a fraqueza da produtividade e a brecha crescente entre ricos e pobres, disse o FMI no relatório.

O FMI reiterou a projeção feita no mês passado de que a economia dos EUA crescerá 2,2% neste ano e 2,5% em 2017.