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Para gestora de US$ 150 bi, ações europeias vão bater americanas

Aleksandra Gjorgievska

13/07/2016 12h00

(Bloomberg) -- Investidores estão empurrando ações dos EUA para novos recordes, enquanto retiram dinheiro das ações europeias. Uma gestora aposta que essa tendência vai se reverter.

Supriya Menon, estrategista multiativos em Londres da Pictet Asset Management, que administra US$ 150 bilhões, acredita que o índice Euro Stoxx 50 vai superar o S&P 500 nos próximos seis meses. Múltiplos menores, potencial de recuperação dos lucros e a possibilidade de mais estímulos monetários sugerem que é hora de comprar ações de empresas europeias, segundo ela.

Mesmo após um salto de 6% em quatro pregões, chegar perto das Bolsas dos EUA seria um passo enorme para o Euro Stoxx 50, que acumula queda de 10% em 2016, enquanto o S&P 500 subiu 5%.

Porém, os múltiplos trabalham a favor. O índice nunca esteve tão barato em comparação com as ações americanas, de acordo com dados compilados pela Bloomberg desde 2005.

"Esperamos uma virada do desempenho acumulado no ano, com a Europa superando o S&P 500 nos próximos seis meses", afirmou Supriya Menon por telefone. "Dado que muitas métricas sinalizam exagero nas quedas do Euro Stoxx 50 e do Stoxx 600, achamos que vão mudar de direção."

As estimativas para os lucros das componentes do S&P 500 vêm subindo desde 2009, movimento oposto ao observado na maior parte do período para o Euro Stoxx 50, para o qual as projeções de lucro caíram neste ano para o menor nível em quase sete anos.

A diferença nos lucros dos dois índices será eliminada nos próximos anos, deixando a maré favorável às ações europeias, disse a estrategista.

Brexit

O voto do eleitorado britânico pela saída da União Europeia também pode incentivar políticas monetárias mais relaxadas e com maior nível de coordenação global.

Estímulos adicionais pelo Banco Central Europeu e pelo Banco da Inglaterra seriam positivos para o crescimento da economia europeia, ela afirma.

As ações do continente estão penando para recuperar as perdas que sucederam a vitória do Brexit. Tem havido retirada de dinheiro dos fundos há 22 semanas consecutivas, de acordo com relatório divulgado na sexta-feira (8) pelo Bank of America Merrill Lynch com dados da EPFR Global.

Mesmo antes do referendo no Reino Unido, as Bolsas na zona do euro eram castigadas por preocupações em relação à economia do continente, à situação política na Espanha e à saúde do sistema bancário italiano. Em abril, estrategistas cancelaram previsões de alta neste ano para o Euro Stoxx 50 e continuam projetando quedas.

A Pictet se junta ao JP Morgan Asset Management ao alardear uma oportunidade de compra para essa classe de ativos. A instituição suíça manteve o peso acima do estratégico em ações europeias ao longo do debate eleitoral sobre o Brexit e elevou a recomendação para ações globais e britânicas após o referendo.

Os riscos para as ações da região são exagerados e a libra esterlina enfraquecida continuará ajudando os exportadores britânicos, afirmou Menon. Na segunda-feira, o FTSE 100 entrou em bull market, ao ultrapassar 20 por cento de ganhos desde o ponto mínimo atingido em fevereiro.

O índice Euro Stoxx 50 é negociado por 12,8 vezes os lucros estimados, comparado a aproximadamente 17 vezes no caso do S&P 500. Considerando a razão entre preço e valor contábil, as ações dos EUA estão duas vezes mais caras.