Brexit pode desencadear apetite maior por mercados emergentes
(Bloomberg) -- A saída do Reino Unido da União Europeia poderá levar ainda mais investidores a deixarem o mundo desenvolvido de juros próximos de zero e correrem para os braços dos mercados emergentes, que oferecem rendimentos superiores, segundo um estudo do Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês).
Apesar de a decisão do referendo ter aumentado a incerteza política e econômica, seu impacto negativo foi sentido principalmente na Europa Central e no Leste Europeu e deverá ter reflexos limitados em outros mercados emergentes, disse o IIF em seu relatório mensal sobre os fluxos dos carteiras.
Por outro lado, o temor menor em relação à economia chinesa, os sinais de retomada do crescimento dos países em desenvolvimento e a recuperação dos preços das commodities reacendeu o interesse por ativos de maior risco com retornos mais elevados, segundo o relatório.
"O Brexit poderia até mesmo intensificar o apetite por ativos de MEs entre os investidores que buscam rendimentos melhores em um momento em que os juros nos mercados maduros estão caindo para os níveis mais baixos da história, alimentados pela menor esperança no crescimento das economias maduras e pelas expectativas de que os bancos centrais dovish do G3 manterão as taxas básicas de juros mais baixas por mais tempo", disse Charles Collyns, diretor-geral e economista-chefe do IIF.
O IIF estima que a entrada de capital privado externo nos mercados emergentes atingirá US$ 550 bilhões, o dobro da taxa de 2015, enquanto as saídas de capital cairão pela metade em relação ao nível do ano passado, chegando a US$ 350 bilhões. O grupo com sede em Washington monitora os fluxos de capitais de 25 economias emergentes, incluindo Venezuela, República Checa, Hungria, Ucrânia e Líbano.
As saídas líquidas de capital da China caíram no primeiro semestre de 2016 para cerca de US$ 227 bilhões, US$ 206 bilhões menos que o total registrado no segundo semestre de 2015, segundo o relatório. O IIF disse esperar que o Banco Popular da China permita uma oportuna desvalorização do yuan, impedindo "mudanças notadamente hawkish nas expectativas" para o ritmo do aumento dos juros do Federal Reserve ou choques negativos na economia chinesa.
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