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Templeton dobra aposta na Colômbia após alta de títulos

Andrea Jaramillo

26/07/2016 14h58

(Bloomberg) -- Há seis meses, a Franklin Templeton, gestora de um dos maiores fundos de renda fixa do mundo, não possuía nenhuma dívida da Colômbia em moeda local. Agora, a empresa é a maior detentora estrangeira das notas.

A mudança drástica surge após a alta de 18,4% dos títulos neste ano -- quase quatro vezes o ganho médio dos títulos dos mercados emergentes --impulsionada pela recuperação dos preços do petróleo e do peso.

A Franklin Templeton investiu US$ 1,6 bilhão em dívidas colombianas ao longo do segundo trimestre, de acordo com dados compilados pela agência de notícias Bloomberg. É o equivalente a cerca de 10% do total mantido pelos investidores internacionais.

A Colômbia, que tem o petróleo como maior produto de exportação, surgiu como uma das maiores beneficiárias do salto de 63% do petróleo desde fevereiro.

O país atraiu a atenção da Franklin Templeton em seu primeiro trimestre, quando a gestora de recursos acumulou dívidas em pesos pela primeira vez desde 2011, pelo menos. A jogada veio após o diretor de investimentos, Michael Hasenstab, elogiar o Brasil e o México, no que classificou como "oportunidade única em uma década nos mercados emergentes".

"Temos nos concentrado nos títulos em moeda local com rendimentos atraentes" na Colômbia, disse ele por e-mail, na semana passada. "Consideramos os retornos ajustados ao risco altamente atraentes".

No fim de junho, a dívida da Colômbia equivalia a 2,64% do principal fundo da empresa, o Templeton Global Bond Fund. A fatia contrasta com 18,06% do México e 16,97% do Brasil.

Embora Hasenstab aposte que haverá mais ganhos no futuro para a Colômbia, outros não estão tão seguros.

Sean Newman, gestor de recursos da Invesco, que tem sede em Atlanta, EUA, diz que devido ao risco de preços mais baixos do petróleo a curto prazo e de um peso mais fraco, o rali de títulos pode já ter consumido boa parte do fôlego.

"Não acreditamos que haja muito mais ganhos pela frente", disse ele.

Na semana passada, a Fitch Ratings seguiu o exemplo da S&P Global Ratings e revisou a perspectiva para o grau de investimento da Colômbia de estável para negativa, citando o risco de a receita menor com o petróleo ampliar o déficit orçamentário. O governo mira um déficit de 3,9 por cento do produto interno bruto neste ano, que seria o mais alto desde 2010.

Contudo, Hasenstab menciona as regras fiscais que limitam os gastos e os esforços da Colômbia para reduzir dívidas como motivos para ele manter o otimismo. Um tratado de paz que está prestes a ser assinado entre o governo e o maior grupo rebelde do país, as Farc, "deverá provocar uma influência significativamente positiva no futuro econômico do país", disse ele.

"A credibilidade da Colômbia continua sendo forte", disse Hasenstab.