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Análise: Nada parou a alta de títulos do Tesouro dos EUA até agora

Lisa Abramowicz

01/08/2016 15h41

(Bloomberg) -- O incansável rali dos títulos do Tesouro dos EUA poderá chegar ao fim em breve.

O mercado de dívidas soberanas dos EUA, de US$ 13,4 trilhões, parece estar à beira de um período de resfriamento após registrar seu maior retorno desde 2008 no início de ano. Isso porque os compradores estrangeiros, responsáveis por uma parte enorme dos ganhos recentes, estão perdendo o interesse na dívida.

Em breve suas aquisições poderão diminuir ainda mais. Embora os yields dos títulos soberanos, do Japão à Europa, ainda estejam muito abaixo das taxas aplicadas aos títulos do Tesouro dos EUA, está ficando mais difícil para os investidores desses países e regiões lucrar com a diferença, pontuou Sachin Gupta, gestor de recursos da Pimco, em um artigo com data de segunda-feira.

O motivo é que está ficando cada vez mais caro fazer hedge contra qualquer flutuação do dólar em relação ao euro e ao iene. O custo desse hedge diminui bastante qualquer possível vantagem dos títulos do Tesouro dos EUA em relação às dívidas soberanas locais, escreveu Gupta.

Isto é especialmente significativo em um momento em que os yields dos títulos do Tesouro estão caindo a profundidades nunca antes vistas porque o custo extra consome o pouco rendimento extra que resta.

Enquanto isso, o Japão vem adiando a decisão sobre uma redução maior de sua taxa básica ou uma compra de mais títulos, o que tem permitido que os yields subam um pouco na região. Tem sido inútil apostar contra o mercado de títulos do Tesouro dos EUA. Os analistas de Wall Street vêm alertando para uma forte queda nas notas há anos, o que não se materializou de forma significativamente sustentada. Os rendimentos da dívida atingiram novas baixas no mês passado.

Mas desta vez há uma mudança significativa. Sem demanda externa por títulos do Tesouro dos EUA os investidores serão obrigados a observar os verdadeiros fundamentos que sustentam a economia americana. Eles não são formidáveis, mas também não são tão ruins a ponto de justificar os yields atuais dos títulos do Tesouro.

Embora tenha sido difícil entender com precisão o mercado de títulos dos EUA nos últimos anos, Gupta, da Pimco, destaca um ponto importante. E com a queda da demanda externa é difícil ver como os títulos do Tesouro poderão sustentar seu rali.

Essa coluna não reflete necessariamente a opinião da Bloomberg LP e de seus proprietários.