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Gross rejeita títulos e ações, prefere ouro e imóveis

John Gittelsohn

03/08/2016 14h51

(Bloomberg) -- O gestor de recursos Bill Gross recomenda que os investidores comprem ouro e imóveis e evitem a maioria das ações e títulos, que, segundo ele, estão com preços exagerados.

"Eu não gosto de títulos; eu não gosto da maioria das ações; eu não gosto de investimentos em participações", escreveu o responsável pelo Janus Global Unconstrained Bond Fund, com US$ 1,5 bilhão em ativos.

"Ativos reais, como terrenos, ouro, fábricas e equipamentos tangíveis negociados com desconto são categorias de ativos favorecidas", afirmou em sua publicação mensal sobre a perspectiva de investimentos, divulgada na quarta-feira.

As preocupações de Gross são compartilhadas por gestores como Tad Rivelle, da TCW Group, e Howard Marks, da Oaktree Capital Group LLC, que citam os recordes das bolsas e os rendimentos historicamente baixos da renda fixa em meio a um ambiente de lentidão econômica. "Venda tudo", declarou Jeffrey Gundlach, da DoubleLine Capital, à Reuters na semana passada. "Nada está com cara boa aqui."

O fundo administrado por Gross proporcionou retorno de 4% no ano até 1º de agosto, superando 69 por cento de seus pares acompanhados pela agência de notícias Bloomberg.

Entre as maiores aplicações do fundo em 30 de junho estavam ações da SABMiller Plc, títulos de dívida da Ally Financial Inc. e da Ford Motor Credit Co. e dívida soberana do México e Argentina. Praticamente metade dos recursos investidos no fundo vem da fortuna pessoal de Gross. O fundo acumula retorno de 3 por cento desde que ele assumiu as rédeas em outubro de 2014, após ter deixado a Pacific Investment Management Co.

Gross também supervisiona o Old Mutual Total Return USD Bond Fund, com US$ 335 milhões, que é sediado na Irlanda e acumula alta de 6,6% neste ano excluindo taxas, comparado a um ganho de 4,6% para o Pimco Total Return Fund, que Gross administrou durante décadas e chegou a ser o maior fundo mútuo do mundo.

'Risco demais para pouco retorno'

O gestor de 72 anos tem reiterado opiniões cautelosas à medida que os mercados avançam.

"Os rendimentos dos títulos soberanos em mínimas recordes não compensam o risco e, portanto, não estão no topo da minha lista de compras no momento; é arriscado demais", afirmou Gross em comunicado distribuído na terça-feira pela Old Mutual Global Investors. "Rendimentos baixos significam que os títulos estão especialmente vulneráveis porque um pequeno aumento pode trazer acentuada queda no preço."

Na perspectiva para agosto que ele redigiu para clientes da Janus Capital Group Inc., Gross afirmou que o sistema financeiro não vai ruir imediatamente. Chegará um momento "quando os ativos de investimento representarão risco demais para pouco retorno."

Os juros baixos já prejudicam as taxas de retorno de bancos, seguradoras, fundos de pensão e poupadores individuais, de acordo com Gross. Os bancos centrais ainda não chegaram a uma fórmula para encerrar seus esforços --que não se mostram eficazes-- no sentido de estimular as economias por meio da compra de dívida soberana e outros ativos.

"As 'promessas' dos bancos centrais de eventualmente vender a dívida de volta ao mercado privado são só isso -- promessas/promessas que nunca podem ser cumpridas", ele escreveu.

De acordo com o gestor, o crescimento nominal precisa alcançar 4% a 5% nos EUA, 3% a 4% na Europa e 2% a 3% no Japão, antes que a economia global "regrida para um esquema de pirâmide financeira e em algum momento imploda."