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Libra dá sinais de resistência após estímulo do BOE

Anchalee Worrachate e John Ainger

05/08/2016 15h56

(Bloomberg) -- O pacote de estímulo de Mark Carney foi mais um golpe de raspão do que um soco em cheio para a libra.

Embora a libra tenha caído frente ao dólar quando o presidente do Banco da Inglaterra (BOE, na sigla em inglês) anunciou um conjunto de medidas para respaldar a economia do Reino Unido, a moeda só caiu para níveis vistos há três semanas. Ainda está cerca de 2 por cento acima do nível mais baixo em 31 anos, que atingiu quando o Reino Unido decidiu sair da União Europeia em um referendo realizado em junho.

Os investidores de câmbio estão analisando o tradeoff entre as medidas de estímulo, que tendem a pesar sobre a moeda, e o potencial de recuperação se essas medidas derem certo. A queda da libra em si dá mais um estímulo à economia porque impulsiona as exportações. Indicadores do mercado de opções mostram que, aos poucos, os investidores estão se tornando menos pessimistas em relação às perspectivas de longo prazo da libra e os analistas projetam que a moeda vai se recuperar em 2017.

"A libra pode estar caindo, mas essa não é uma notícia necessariamente ruim", disse Stephen Jen, CEO da Eurizon SLJ Capital em Londres e ex-economista do FMI. "O mais provável é que a desvalorização da libra seja parte das intenções desta política. Ela deverá respaldar o crescimento e restabelecer o equilíbrio na economia, o que é uma boa notícia para a economia e para a libra no longo prazo".

O Banco da Inglaterra reduziu as taxas de juros ao piso recorde de 0,25 por cento e anunciou políticas que ampliarão seu balanço em até 170 bilhões de libras. As medidas foram elaboradas para combater as consequências da decisão do Reino Unido de sair da UE, que derrubou a libra em cerca de 12 por cento e provocou uma contração da produção industrial e dos serviços.

Ter uma moeda flutuante ajuda a amortecer o impacto de uma queda, disse o vice-presidente do BOE, Ben Broadbent, em uma entrevista à BBC Radio na sexta-feira.

Embora os analistas projetem que a libra registrará mais quedas neste ano, a perspectiva de longo prazo é mais otimista.

A libra cairá para US$ 1,27 por volta do fim de 2016 e depois subirá para US$ 1,33 no próximo ano e para US$ 1,39 em 2018, de acordo com a mediana das projeções dos analistas em pesquisas da Bloomberg.