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Analistas voltam a ver mundo emergente em cor-de-rosa

Christopher Langner

11/08/2016 12h11

(Bloomberg) -- Os analistas de mercados emergentes passaram a mostrar otimismo em julho, marcando a primeira virada para o mês desde 2011. Só o tempo dirá se estão corretos, mas se o otimismo deles aumentar em relação às perspectivas de lucro das empresas, pelo menos estarão colaborando para as ações de países em desenvolvimento parecerem menos caras.

A estimativa de consenso para o lucro por ação do índice MSCI Mercados Emergentes subiu 1 por cento em julho para US$ 66,3. É em julho que começa a temporada de balanços do segundo trimestre, levando analistas a ajustar sua visão de mundo, portanto a revisão é significativa. No começo deste ano, a estimativa de consenso atingiu o menor nível desde 2009.

É boa notícia para quem procurava justificativa para comprar ações de países emergentes, mas estava desanimado com os múltiplos. A referência do MSCI custa 13,5 vezes o lucro projetado, o múltiplo mais caro desde 2009.

Os otimistas podem argumentar que a métrica vem sofrendo com o sentimento negativo, uma vez que cortes das estimativas de lucro elevam a razão entre preço da ação e lucro projetado. O problema é que a história recente sugere que os analistas estavam corretos quando expressavam pessimismo quanto aos resultados das empresas.

O lucro passado por ação do índice vem caindo consistentemente e agora é o menor desde 2010. Isso ajuda a explicar porque a razão entre preço e lucro passado chega a 16, a maior desde 2010.

É importante lembrar que o índice S&P 500 dos EUA, que frequentemente sinaliza o desempenho futuro dos mercados emergentes, tem batido repetidos recordes neste ano. O índice é negociado por 18,5 vezes o lucro projetado, o múltiplo mais caro desde pelo menos 2002. Assim, em bases relativas, as ações de países em desenvolvimento ainda estão atrás das ações dos mercados desenvolvidos. A ressalva é que as ações de países desenvolvidos talvez estejam caras demais, já que trilhões de dólares em dívidas com rendimento negativo empurram os investidores para a renda variável, na busca por retorno.

Quem procura valor não tem muitas escolhas além dos mercados menos desenvolvidos. Estando corretos ou não os analistas que preveem aceleração dos lucros, tudo indica que a tendência vai continuar. As bolsas dos mercados emergentes permanecerão atraentes enquanto os principais bancos centrais continuarem proporcionando estímulo monetário sem precedentes.