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O futuro do minério segundo o homem que previu rali de 2016

Jasmine Ng

11/08/2016 11h36

(Bloomberg) -- O minério de ferro provavelmente estenderá o rali de 2016 em meio à adoção de novas medidas pela China para estimular o crescimento e à desvalorização do dólar, segundo Jason Schenker, da Prestige Economics, cuja rara posição otimista no último trimestre do ano passado está provando ser correta.

Embora a sequência possa ser irregular, a commodity será negociada em cerca de US$ 60 a tonelada neste semestre e em média em US$ 55 em 2016, disse Schenker, que é presidente da Prestige, empresa com sede em Austin, Texas, nos EUA. Esses valores contrastam com os US$ 53 até aqui. Esperam-se novos ganhos, com previsão de US$ 62 em 2017 e de US$ 72 em 2018, disse ele em entrevista por telefone.

O minério de ferro subiu em 2016, quebrando três anos de declínios, porque os estímulos e um boom imobiliário impulsionado pelo crédito na China elevaram a demanda. O aumento confundiu as expectativas de novos prejuízos com o aumento da oferta e levou bancos como Goldman Sachs e Morgan Stanley a elevarem suas projeções. Em outubro passado, quando o minério de ferro acumulava uma perda de dois dígitos, Schenker previa uma recuperação, dizendo que o governo da China reforçaria a economia e que as exportações de aço do maior produtor mundial se manteriam.

'Absolutamente crítico'

"Eu atribuo meu sucesso ao trabalho com fatores macro e à história macro e ao fato de não perder de vista o fato de que a China vinha apresentando uma recessão industrial há mais de um ano e meio", disse Schenker, classificado pela Bloomberg como o melhor analista de metais de base do segundo trimestre e que divide o primeiro lugar para o ouro com o ABN Amro Bank. "O quadro macro é absolutamente crítico para as commodities".

O minério com 62 por cento de conteúdo entregue em Qingdao subiu 36 por cento em 2016, para US$ 59,36 a tonelada na quinta-feira, segundo a Metal Bulletin. Os ganhos vieram no momento em que a taxa diária de produção de aço na China atingiu um recorde, enquanto as exportações de produtos de aço ficaram próximas de uma alta histórica.

Juros mantidos

Nem tudo da recomendação de outubro se concretizou, incluindo uma expectativa para novos cortes nos juros na China em um momento em que o governo procurava reforçar a demanda. Embora as autoridades em Pequim realmente tenham ampliado os estímulos fiscais e permitido a desvalorização da moeda, a taxa básica de juros foi mantida.

Desta vez, o minério de ferro poderá se beneficiar do fato de a China continuar se estabilizando, enquanto nos EUA o amortecimento da economia leva o Federal Reserve a mudar de estratégia, acrescentando acomodação, segundo Schenker. O dólar perderá força, o que deverá apoiar as commodities, disse ele.

"A política de estímulo adicional do Fed deverá apoiar os preços do minério de ferro porque fará duas coisas: não apenas estimulará a economia dos EUA, mas também provavelmente enfraquecerá o dólar", disse ele. Na China, "é bastante possível que eles possam precisar realizar mais estímulos, especialmente se virmos a economia dos EUA começar a perder mais força ainda".