Samarco busca acordo de não-pagamento com bancos, dizem fontes
(Bloomberg) -- A Samarco está buscando um acordo para renegociar cerca de US$ 1,6 bilhão em empréstimos bancários, enquanto seus proprietários BHP Billiton e Vale se recusam a colocar dinheiro para cobrir pagamentos da dívida e o caixa está próximo do fim, disseram pessoas a par do assunto.
A empresa de mineração, que teve as operações paralisadas no ano passado após o colapso da barragem em Minas Gerais, está pedindo a credores que parem de exigir pagamentos até que a operação seja retomada, disseram as pessoas, pedindo para não serem identificadas porque as negociações são privadas.
BHP e Vale aprovaram financiamento para programas de limpeza e compensação da Samarco e estenderam crédito para apoiar as operações da empresa. Mas a dívida do empreendimento não é garantida pelos seus proprietários, que não pretendem fazer pagamentos em nome da companhia, disseram as pessoas.
As assessorias de imprensa da Vale, da BHP e da Samarco não quiseram comentar.
Um acordo com bancos seria um primeiro passo na reestruturação da dívida, já que a Samarco trabalha para reiniciar as operações. Firmar um acordo com um novo cronograma de pagamento enquanto a mineradora não está operando e não está gerando caixa seria irrealista, disse uma das pessoas.
Depois de uma sinalização de reinício em 2016, a mineradora não pode obter novas permissões até o próximo ano ou 2018, em meio as investigações sobre o incidente que matou pelo menos 19 pessoas e foi descrito por autoridades como o pior desastre ambiental já ocorrido no Brasil.
A Samarco contratou o JPMorgan Chase para ajudá-la com as negociações de reestruturação da dívida com bancos, a BHP contratou o Rothschild, a Vale tem o aconselhamento do Moelis, enquanto os bancos detentores de dívida da mineradora estão trabalhando com o FTI Consulting, disseram à Bloomberg pessoas com conhecimento em junho.
A mineradora era a segunda maior produtora mundial de pelotas de minério de ferro antes do acidente, gerando mais de US$ 2 bilhões em lucros anuais. A companhia reportou cerca de R$ 15 bilhões em dívida (US$ 4,8 bilhões) no final de 2015 e R$ 1,8 bilhão em caixa. Suas obrigações incluem cerca de R$ 328 milhões de pagamentos este ano e R$ 324 milhões em 2017, disse a empresa.
A maior parte da dívida é detida por credores internacionais, mas garantias foram fornecidos por credores locais, incluindo Bradesco, Votorantim e Itaú Unibanco Holding. Embora seus títulos denominados em dólar não tenham vencimento até 2022, pagamentos de juros estão programadas para o início de setembro.
Em julho, a Moody's reduziu sua nota para os títulos da empresa para C, a menor nota e normalmente usada para indicar calote ou pouca perspectiva de um investidor recuperar o principal ou juros. Na avaliação dos títulos da empresa, a Moody's citou preocupação com a redução da posição de caixa da joint venture e sua incapacidade de obter as licenças necessárias.
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