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Alta do lítio é pressionada por corrida para abastecer a Tesla

Jesse Riseborough, Thomas Biesheuvel e Joe Deaux

19/08/2016 12h16

(Bloomberg) -- Nem mesmo a supercommodity do futuro da indústria da mineração é capaz de evitar o calcanhar de Aquiles de toda produtora de minerais -- o hábito de arruinar a alta dos preços com o excesso de oferta.

Enquanto produtoras de todo tipo de mineral, do cobre ao minério de ferro, lidavam com os prejuízos provocados pelo excesso de oferta global, registrava-se um aumento nos preços do lítio, o metal leve usado na fabricação de baterias recarregáveis.

É fácil ver o porquê. A demanda cada vez maior pelo mineral superou a produção devido ao crescimento mais rápido do que o esperado das vendas globais de veículos elétricos e aos agressivos planos de expansão da Tesla Motors de Elon Musk.

Mas há muito mais lítio a caminho. As quatro maiores produtoras -- Rockwood Holdings, Soc. Química & Minera de Chile, Albermarle e FMC -- controlam até 90 por cento do mercado.

Com a alta dos preços, essas empresas podem agora buscar aumentar a produção, enquanto uma série de recém-chegadas corre para entrar no negócio de produção de lítio, que pode ser extraído de minas ou por meio da evaporação da salmoura em salinas.

"Acreditamos que veremos os preços atingirem o pico em breve", disse Robert Baylis, analista do mercado de lítio e diretor-gerente da Roskill Information Services, que tem sede em Londres. Ele prevê o pico dos preços no segundo trimestre de 2017.

"Normalmente essas coisas não tendem a durar muito. Há uma reação da oferta de lítio. Há mais material chegando ao mercado."

Até o momento, as quatro grandes vêm produzindo abaixo de sua capacidade mesmo com a alta dos preços, em parte porque o lítio responde por uma pequena fatia de seus negócios.

Por exemplo, a FMC gerou apenas 7,3 por cento de suas receitas no ano passado com a produção de lítio e o restante principalmente com químicos usados na agricultura, na saúde e na nutrição. Mas com novas produtoras entrando no mercado as principais fornecedoras serão forçadas a expandir a produção para proteger participação de mercado, segundo a Macquarie Group.

'Gigafábrica' da Tesla

A demanda pelo lítio continua forte. A Tesla, fabricante de veículos elétricos que começará a comercializar seu sedã Model 3 no fim do ano que vem, está próxima de concluir uma fábrica de baterias gigante em Nevada, nos EUA, apelidada de "gigafábrica".

Musk acelerou a construção da instalação de US$ 5 bilhões para cumprir o objetivo de fabricar 500.000 carros até 2018. Isto significa que a planta, empreendimento realizado em parceria com a Panasonic, que ostentará o edifício de maior perímetro do mundo, precisará estar fabricando baterias para carros até o fim deste ano.

"Mais cedo ou mais tarde todos nós estaremos dirigindo carros elétricos", disse Jeremy Wrathall, chefe de recursos naturais globais da Investec em Londres. "Definitivamente estamos vendo um divisor de águas".

Embora o lítio responda por apenas 2 por cento do material usado nas baterias da Tesla, e tenha sido descrito por Musk como "apenas o sal na salada", o mercado automotivo representa uma grande mudança em termos de demanda.

O Goldman Sachs estima que a bateria do Tesla Model S necessitará de 63 quilos do material, contra apenas 5 gramas em um telefone celular.