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Acionistas protestam contra bônus de executivos no Reino Unido

Charlotte Ryan

05/09/2016 11h10

(Bloomberg) -- As maiores empresas do Reino Unido estão tendo mais dificuldade para obter a aprovação dos acionistas em relação aos pacotes salariais de executivos, porque os investidores discordam da falta de transparência e divulgações quando os diretores recebem um aumento.

O número de empresas do FTSE 100 Index que não conseguiu obter pelo menos 75 por cento dos votos dos acionistas a favor dos planos de remuneração para executivos quase dobou desde 2012, informou a consultoria Deloitte em um relatório publicado segunda-feira.

Oito empresas do índice ficaram abaixo da marca de 75 por cento e duas não conseguiram obter a aprovação majoritária para a remuneração proposta. Apenas 26 por cento das 30 empresas de maior porte da lista conseguiram o apoio de 95 por cento dos acionistas. No ano passado, mais de metade atingiu esse marco.

"Ainda estamos falando de um número relativamente pequeno de empresas onde isso de fato é um motivo de preocupação", disse Stephen Cahill, sócio da equipe de remuneração da Deloitte. "A temporada de assembleias gerais de 2016 tem sido traumática para um grande número de empresas, talvez mais do que em 2012".

Recentemente, executivos do alto escalão de várias empresas de grande porte do Reino Unido foram punidos por seu desempenho insuficiente. O CEO da BHP Billiton, Andrew Mackenzie, não receberá bônus por causa do rompimento da barragem da Samarco, confirmou a empresa em 31 de agosto. O CEO da BT Group, Gavin Patterson, perdeu parte do bônus deste ano porque a empresa não conseguiu atingir as metas de atendimento ao consumidor.

Um relatório publicado pela High Pay Centre em 1º de setembro pedia uma análise minuciosa do "aumento vertiginoso" da remuneração dos executivos e afirmava que ele é causa de ressentimento entre a população e de retornos pobres ao investimento. A análise mostrou que a média de pagamento para um CEO do FTSE 100 Index é de 6 milhões de libras por ano.

O relatório da Deloitte concluiu que novas normas introduzidas em 2013, que exigem que as empresas sejam mais transparentes e acrescentaram a votação vinculativa dos acionistas, junto com a pressão dos investidores, travaram o pagamento para a diretoria.

No entanto, o relatório também afirma que os investidores ainda não estão usando todos os poderes que têm para impedir que as empresas implementem acordos que eles consideram incômodos. De modo geral, suas preocupações incluem a falta de informações sobre as metas dos bônus e a falta de transparência sobre os vínculos entre a remuneração dos executivos e o desempenho empresarial. Os investidores também colocaram em dúvida o aumento da remuneração, especialmente nas situações em que não houve uma justificativa clara.

"Acreditamos que deve haver muito mais rigor no modo com que se definem as metas para esses planos, maior prudência a fim de assegurar que as remunerações sejam condizentes com o desempenho geral e que os investidores realizem uma análise mais minuciosa quando as metas forem divulgadas", disse Cahill.