IPCA
0,83 Mai.2024
Topo

Análise: Private equity capta dinheiro retirado de hedge funds

Lisa Abramowicz

09/09/2016 15h27

(Bloomberg) -- Neste ano, os hedge funds serviram publicamente de saco de pancada para investidores zangados. Eles foram bombardeados com alguns dos maiores resgates desde a crise do crédito e estão sendo obrigados a baixar suas taxas.

No entanto, uma questão menos discutida é o quanto os fundos de private equity têm se beneficiado com isso.

Um estudo do UBS publicado na quinta-feira destacou essa virada de sorte. Cerca de um terço dos family offices consultados reduziu suas alocações em hedge funds. Eles mostraram particular reprovação com as estratégias de crédito e de ativos distressed, especialmente depois da forte queda nos títulos corporativos do ano passado, encabeçada pelo setor de energia.

Mas eles descobriram um profundo afeto pelo private equity.

Muito dinheiro saiu dos hedge funds neste ano. No mês passado, a eVestment informou que os resgates totalizaram US$ 55,9 bilhões. Embora seja difícil dizer onde esse dinheiro todo está indo, a pesquisa do UBS dá algumas pistas sobre sua direção. Entre aqueles family offices, que em média administram US$ 750 milhões, 29% disseram que planejavam aumentar suas alocações em fundos de private equity, e 40% planejam incrementar seus investimentos em venture capital e private equity.

Fundos de private equity não são baratos. Mas eles têm muitas coisas a favor que hedge funds não têm no momento. O maior atrativo são seus retornos, que de modo geral têm sido geniais nos últimos anos.

Cerca de 89% dos investidores avaliaram que os investimentos em private equity atingiram ou superaram suas suposições, segundo levantamento da Preqin publicado na quinta-feira.

Os fundos de private equity concentrados em empréstimos diretos, por exemplo, tiveram retornos anuais médios geralmente superiores a 10%, especialmente no caso daqueles fundados antes de 2012, mostram dados da Preqin. Os criados em 2013 geraram ganhos médios de 6,5% ao ano.

Além disso, para os family offices, é mais fácil entender o que os fundos de private equity fazem. Eles investem em empresas e imóveis. Normalmente seus períodos de investimento são mais longos, portanto eles podem investir em mercados privados e reter ativos negociados pouco frequentemente sem se preocupar em ter que vendê-los rapidamente para cobrir pedidos de resgate. Esses fundos também costumam adotar uma abordagem mais intervencionista com as empresas em que investem.

Hedge funds, por outro lado, estão tendo dificuldades para redefinir o que vendem. Houve um tempo em que eles eram os que assumiam riscos ambiciosos. Depois da crise financeira, eles se promoveram como uma forma de garantir retornos independentemente dos movimentos mais amplos no mercado.

Contudo, de modo geral os retornos têm ficado trás de referências mais amplas, e alguns fundos sofreram grandes prejuízos. Isso tem sido especialmente decepcionante porque muitos fundos ainda cobram clientes de acordo com a estrutura de taxas clássica de "2 e 20", uma taxa fixa de 2% dos ativos e 20% dos lucros.

Cerca de 79% dos investidores não acreditam que os hedge funds tenham atingido suas expectativas de retornos nos doze meses até junho, mostrou o relatório da Preqin.

Ainda não se sabe se os fundos de private equity podem continuar seu desempenho excelente. As avaliações corporativas estão altas. Os rendimentos estão baixos. Muitos investidores estão acumulando imóveis e dívida privada ilíquida.

Quanto mais concorridos os fundos ficarem, mais eles sofrerão o mesmo destino que os hedge funds, que acabaram correndo atrás de muitas das mesmas operações e tomando prejuízo por isso.

Mas por enquanto, este é o lugar perfeito. Private equity se parece muito com o hedge fund da última década.

Esta coluna não reflete necessariamente a opinião da Bloomberg LP e de seus proprietários.