Decisão do Copom é consistente, e comunicado é 'seco', diz mercado
O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central reduziu a taxa básica de juros da economia em 0,25 ponto percentual, de 10,75% para 10,5% ao ano. Apesar de o Copom ter sinalizado que a redução seria de 0,5 ponto percentual, a diminuição no ritmo do corte de juros já era esperada pelo mercado, que considerou a decisão consistente e que o comunicado foi "seco", sem sinalização de como será a postura do colegiado nas próximas reuniões.
O que aconteceu
O Copom promoveu seis cortes de 0,5 ponto percentual e, no sétimo, divulgado nesta quarta, fez uma redução de 0,25. Camila Abdelmalack, economista da Veedha Investimentos, afirma que isso mostra que o colegiado mudou seu "plano de voo" e não dá sinalizações de como vai agir nas próximas reuniões.
O comunicado foi 'seco' e não há sinalização sobre os próximos passos. Na circunstância de divergência de votos, a ata do Copom será lida com lupa na próxima semana.
Camila Abdelmalack, economista da Veedha Investimentos
O comunicado não trouxe grandes novidades e tem uma postura conservadora. O cenário afasta a possibilidade de uma taxa de juros no patamar de um dígito em 2024, afirma Abdelmalack.
A decisão do BC é consistente e conservadora, para Rogério Mori, economista-chefe da Davos Investimentos e professor da FGV-SP. Para ele, o corte menor está alinhado com um cenário que se deteriorou nos últimos 45 dias, com a perspectiva de que as taxas de juros nos Estados Unidos permaneçam altas por mais tempo e com a piora do quadro fiscal no Brasil.
O fato de a decisão não ter sido unânime é visto com bons olhos pelo mercado. Isto porque demonstra que há um debate sobre o cenário como um todo, trazendo uma discussão equilibrada, segundo Vinicius Moura, economista e sócio da Matriz Capital.
Próximas reuniões
Como o Copom não disse o que deve fazer na próxima reunião, o mercado espera por cautela. Maykon Douglas, economista da holding de investimentos Highpar, afirma que as sinalizações e alertas sobre a inflação e a política fiscal justificam a retirada da projeção da próxima decisão do Copom. Douglas diz que o quadro de incerteza vai se manter.
O Copom afirmou que vai tomar decisão de acordo com a trajetória da inflação. Para José Marcio Camargo, economista-chefe da Genial Investimentos, a afirmação é importante.
Um ponto importante é o fato de que o Copom avaliar que as decisões futuras serão ditada pela firme convergência da inflação para a meta, sem nenhuma menção de qual será a decisão do futuro. As próximas decisões vão depender da trajetoria da inflação em direção à meta.
José Marcio Camargo, da Genial Investimentos
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