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Com ou sem acordo, negociação da Opep já está funcionando

Grant Smith

14/09/2016 12h16

(Bloomberg) -- Mesmo com a crescente especulação sobre se a Opep e a Rússia vão conseguir chegar a um acordo sobre produção neste mês, as negociações já estão dando resultados.

Hedge funds e outros investidores reverteram suas apostas na queda dos preços do petróleo ao ritmo mais acelerado em cinco meses depois que os produtores anunciaram que vão se reunir em Argel, mostram dados da Comissão de Negociação de Futuros de Commodities dos EUA. Cresceu o ceticismo de que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo, cujos representantes participaram de uma série de reuniões de Moscou a Paris na semana passada, conseguirá superar os conflitos internos, mas as posições vendidas especulativas no petróleo dos EUA continuam 41 por cento abaixo do pico registrado em agosto.

O petróleo chegou a subir 16 por cento nas semanas seguintes ao anúncio das negociações da Opep na capital da Argélia, prologando uma recuperação em relação ao valor mais baixo em quatro meses. Embora o desejo do Irã e do Iraque de aumentar a produção tenha gerado dúvidas sobre a possibilidade de um acordo, o petróleo manteve grande parte do aumento obtido após o impulso inicial dos preços na fracassada tentativa de congelar a produção em Doha em abril.

"O melhor que eles podem fazer é alertar os vendedores a descoberto de que, se forem muito pressionados, eles poderão eliminar alguns barris", disse Jan Stuart, economista global de energia do Credit Suisse Securities em Nova York, por email. "Isso muda o cálculo risco-benefício para os investidores e a posição vendida recorde de poucas semanas atrás é desfeita e se torna mais neutra".

Obstáculos

As negociações em Argel em 27 de setembro enfrentarão os mesmos obstáculos políticos que frustraram a iniciativa em Doha, que fracassaram por causa da insistência da Arábia Saudita, no último minuto, de que o Irã participasse do acordo, segundo o Commerzbank. O Irã, que rejeitou o plano de Doha porque queria aumentar sua produção após o fim das sanções, afirmou que ainda não decidiu se irá participar.

A Arábia Saudita também pode relutar em restringir sua produção porque isso estimularia os produtores de xisto dos EUA a preencherem a lacuna aberta, de acordo com Stuart, do Credit Suisse. Como a gestão da oferta é uma "batalha perdida", a intervenção verbal pode continuar sendo a opção mais lucrativa, disse ele.

No entanto, a Opep só conseguirá respaldar o mercado com palavras durante algum tempo, de acordo com Eugen Weinberg, chefe de pesquisa sobre commodities do Commerzbank em Frankfurt. Os preços mantiveram boa parte do ganho de 55 por cento acumulado nos três meses anteriores à reunião de Doha, mesmo não havendo chegado a um acordo, graças à interrupção da oferta de Kuwait, Canadá e Nigéria. Talvez a Opep não tenha tanta sorte desta vez.