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Voyeurismo faz transição para celulares na China

Narae Kim

19/09/2016 15h20

(Bloomberg) -- A fama pode durar apenas 15 minutos, mas as ferramentas de democratização estão aqui para ficar.

Esta é a posição dos analistas do Credit Suisse na nota de início da cobertura da YY e da Momo, duas empresas chinesas de streaming ao vivo que, segundo eles, terão bom desempenho em meio a um mercado fraturado.

As plataformas que ajudam a sondar a vida de pessoas comuns que fazem coisas comuns tiveram uma transição conturbada para os dispositivos móveis -- prejudicadas, segundo o Credit Suisse, pela infraestrutura ruim. Contudo, desde o começo de 2016, o mercado cresceu a um ritmo tal que os faz prever que alcançará US$ 5 bilhões até o fim do ano que vem. Trata-se de um setor não muito menor que a indústria cinematográfica chinesa, cuja receita de bilheteria é de US$ 7 bilhões.

O vídeo ao vivo não está crescendo apenas em paralelo com o cinema: está crescendo às custas também de outros tipos de consumo cultural. "É crescente a demanda de usuários jovens que não possuem alternativas e orçamento para o entretenimento", escreveram os analistas Zoe Zhao, Evan Zhou e Angela Zhou, que atribuem o renascimento do streaming tanto a essa evolução no comportamento do usuário quanto ao desenvolvimento da infraestrutura de backend.

No lado da oferta, o grande número de celebridades da internet "elimina o gargalo" da oferta, e a penetração maior dos smartphones, o custo menor da largura de banda e o financiamento de mercado primário facilitam a migração do laptop para o celular.

Após testemunhar um acentuado crescimento de 175 por cento na comparação ano a ano, para US$ 4 bilhões neste ano, o Credit Suisse estima que a receita do mercado alcançará cerca de 33 bilhões de yuans (US$ 5 bilhões) em 2017. Não é pouco, argumenta o banco, considerando que o mercado de jogos para dispositivos móveis, mais maduro, é apenas duas vezes maior.

Aqueles que usam o streaming ao vivo são mais ricos que os usuários médios de internet, tendem a passar mais tempo online e têm hábitos de pagamento maduros. Contudo, o mercado, atualmente dividido entre 150 plataformas, deverá se consolidar, dizem os analistas, à medida que o ritmo de crescimento desacelerar: "Com um teto relativamente baixo, menos de dez atores dominarão e a maioria será eliminada".

Mesmo em um momento em que o streaming ao vivo se expande a um ritmo mais lento, o fenômeno das selfies com nudez como garantia de empréstimos mostra que o impulso de compartilhar está se estendendo além do entretenimento e entrando no tecido das finanças chinesas. Este é apenas um sinal de que na vida, como no portfólio, a exposição indiscriminada pode ser perigosa. Em um campo abarrotado, o Credit Suisse recomenda a YY, que ostenta uma base de usuários fiel e um ecossistema maduro, e a Momo, cujos produtos atuais funcionam bem em sincronia com a expansão do streaming ao vivo. Os analistas preveem que as duas empresas responderão por pouco mais de um terço de um mercado de US$ 5,4 bilhões em 2018.

Título em inglês: Voyeurism Makes the Transition to Cell Phones in China

Para entrar em contato com o repórter: Narae Kim em Hong Kong, nkim132@bloomberg.net, Para entrar em contato com os editores responsáveis: Telma Marotto tmarotto1@bloomberg.net, Patricia Xavier

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