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Esqueça a Ásia e a Europa: América do Sul recebe GNL dos EUA

Anna Shiryaevskaya e Naureen S. Malik

28/09/2016 15h08

(Bloomberg) -- A suposição era que o gás natural liquefeito (GNL) dos EUA teria a Ásia e a Europa como destinos principais, devido aos preços até quatro vezes superiores aos obtidos dentro de casa. Mas até o momento, a América do Sul tem sido o destino de escolha.

Com a queda dos preços provocada pelo excedente global, a Cheniere Energy enviou mais da metade dos navios-tanque com GNL de seu terminal portuário de Sabine Pass, no Estado de Louisiana, para a América do Sul. Os prêmios antes embolsados na Ásia e na Europa desapareceram e essas regiões estão bem abastecidas por outras regiões.

O papel dos EUA nos mercados internacionais de GNL se tornou mais importante porque a crescente produção de gás de xisto oferece mais do que o mercado doméstico é capaz de absorver. A América Latina está faminta pelo combustível usado pelas usinas de eletricidade e para aquecimento porque não conta com fontes próprias e confiáveis de energia. O comércio regional está mais fácil porque os grandes navios-tanque agora usam o Canal do Panamá, o que reduz o tempo de viagem e o custo.

"Certamente o momento tem sido bom para todas as partes", disse Ted Michael, analista de GNL da Genscape em Boulder, no Colorado. "A Cheniere está avançando e a América Latina está procurando uma oferta mais consistente".

Dezessete dos 33 carregamentos embarcados em Sabine Pass foram para a América do Sul desde o início das exportações, em fevereiro, segundo dados de monitoramento de navios compilados pela Bloomberg. O Chile foi o principal destino, com nove, três dos quais atravessaram o Canal do Panamá expandido. O canal pode reduzir o tempo de viagem do Golfo dos EUA para o Chile em cerca de 11 dias, segundo a Bloomberg New Energy Finance.

Um carregamento de Sabine Pass para o Chile custava em julho US$ 5,60 por milhão de BTU, segundo dados do Departamento de Energia dos EUA. O preço médio do contrato de mês seguinte no Reino Unido ficou em US$ 4,63, segundo a ICE Futures Europe, enquanto o GNL à vista em Cingapura foi negociado por US$ 5,16, na média, em julho. No Reino Unido, o custo do gás caiu 45 por cento nos últimos dois anos e o GNL à vista despencou 60 por cento. Nos EUA, os contratos futuros de gás recuaram 25 por cento no período.

O GNL à vista em Cingapura subiu para US$ 5,557 na segunda-feira, comparado a US$ 4,72 no mercado de futuros do Reino Unido. Em Nova York, o contrato de gás para entrega em outubro era negociado por US$ 2,932 por milhão de BTU.

No Brasil, o maior importador de GNL da América do Sul, a variação na demanda depende das hidrelétricas, segundo os analistas Anne-Sophie Corbeau e David Ledesma, em livro publicado neste mês, intitulado "LNG Markets in Transition: The Great Reconfiguration" (ou "Mercados de GNL em transição: a grande reconfiguração", ainda sem tradução no Brasil).