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Alta de rendimento de títulos de Portugal chama atenção da DBRS

Anooja Debnath e Marianna Aragao

30/09/2016 12h22

(Bloomberg) -- A agência de classificação cujo veredito atualmente mais importa para Portugal está prestando atenção no rápido aumento das taxas de rendimento dos títulos do país.

A DBRS, cuja classificação é fundamental para a elegibilidade de Portugal ao programa de aquisição de títulos do Banco Central Europeu, afirmou que, embora a crescente popularidade do governo socialista de minoria do país tenha possibilitado certa estabilização do cenário político, a alta dos rendimentos e a frágil recuperação econômica ainda preocupam.

A agência de classificação de risco de crédito com sede em Toronto é a única entre as quatro maiores a atribuir grau de investimento ao país.

"De formal geral, [o país] parece bastante bem politicamente", mas "infelizmente os rendimentos dos títulos têm subido, por isso o custo dos financiamentos aumentou" e o crescimento no primeiro semestre do ano foi apenas a "metade do esperado", disse Fergus McCormick, economista-chefe e codiretor de notas soberanas da DBRS, em entrevista, em Londres. "Então, são dois pontos negativos e um positivo".

Os questionamentos relacionados à sustentabilidade da dívida, ao crescimento lento e aos problemas não resolvidos nos bancos garantiram aos títulos de Portugal o pior desempenho entre as economias desenvolvidas neste ano, segundo os índices Bloomberg World Bond.

O rendimento dos títulos portugueses com prazo de 10 anos subiu 32 pontos-base, ou 0,32 ponto percentual, para 3,36%, caminhando para o maior aumento mensal desde janeiro, enquanto o prêmio que os investidores exigem para manter em carteira esses papéis em vez de títulos alemães de vencimento semelhante atingiu 3,55 pontos percentuais nesta semana, o maior desde fevereiro.

A preocupação em relação à nota de crédito de Portugal colaborou para o movimento. Como as compras pelo BCE ajudam a proteger os títulos de uma queda mais forte, os analistas dizem que a manutenção do acesso é fundamental para segurar os juros do país dentro de um intervalo administrável.

A DBRS revisará a nota BBB (baixo) de Portugal em 21 de outubro após manter sua tendência estável intacta na última análise, em abril.

"O governo português está plenamente comprometido com políticas econômicas compatíveis com a atual classificação da DBRS, o que vai preparar o caminho para a concessão de uma elevação da nota em um futuro próximo", afirmou o Ministério das Finanças de Portugal, por email.

"Se o BCE deixar de comprar, os investidores também deixarão de comprar", disse David Schnautz, diretor de estratégia de renda fixa do Commerzbank, em Londres. "Isso poderia facilmente levar à perda do acesso ao mercado com taxas acessíveis para Portugal." Para Schnautz, a DBRS pode rebaixar a tendência para negativa na próxima revisão e ao mesmo tempo manter o grau de investimento do país.