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Credit Suisse perde espaço entre corretoras de ações no Brasil

Cristiane Lucchesi

07/10/2016 15h53

(Bloomberg) -- O Credit Suisse está perdendo espaço no mercado acionário brasileiro após o Morgan Stanley e a corretora XP Investimentos desbancarem o banco europeu e assumirem a segunda colocação no ranking de volume negociado com ações na BM&FBovespa, surfando no primeiro aumento de volume da bolsa em três anos.

O UBS, cuja corretora de ações é a número 1 desde 2014, permanece na primeira colocação da lista, ampliando a liderança nos três primeiros trimestres deste ano e registrando os maiores ganhos, de acordo com dados do mercado acionário compilados pelos bancos.

O mercado de ações do Brasil entrou em terreno positivo neste ano com a expectativa de que o novo governo do presidente Michel Temer conseguirá apoio para aprovação de reformas que permitirão cortes nos gastos públicos. A média diária de negociação de ações subiu 3 por cento até setembro na comparação com os nove primeiros meses do ano passado, para R$ 6,98 bilhões (US$ 2,16 bilhões), segundo a BM&FBovespa, única operadora de bolsa do país. Esses ganhos poderão acelerar se os juros começarem a cair neste trimestre, como previsto em projeções compiladas pela Bloomberg.

"Quando o Banco Central começar a cortar juros, as pessoas físicas provavelmente vão assumir mais risco e isso trará combustível para a bolsa", disse Daniel Mendonça de Barros, responsável pela corretora do UBS na América Latina, em entrevista em São Paulo. "Os investidores estrangeiros ainda estão céticos em relação à aprovação do projeto que impõe um teto aos gastos públicos e a expectativa de que ele vá passar não está embutida nos preços. Se o governo tiver sucesso, veremos ainda mais fluxo."

O Credit Suisse chegou a dominar o mercado de ações no Brasil, mas isso foi antes de o UBS comprar a Link Investimentos em 2013, que deu ao banco a corretora com crescimento mais rápido no país e a líder entre os investidores quantitativos. O Credit Suisse, que tem sede em Zurique, está reduzindo negócios de trading internacional em um momento em que está mudando o foco para a Ásia e para a gestão de patrimônios. O chefe de ações e renda fixa para a América Latina, Marcelo Kayath, deixou o banco neste ano.

A mudança de estratégia do Credit Suisse ecoa o que ocorre em outras grandes instituições financeiras europeias. O Deutsche Bank, que tem sede em Frankfurt, informou no início do ano que estava mudando o trading para fora do Brasil e o Barclays, de Londres, comunicou o fechamento de sua unidade brasileira.

O Credit Suisse ficou em quarto lugar nos três primeiros trimestres de 2016 após registrar a maior perda de participação de mercado. Um porta-voz do banco preferiu não comentar sobre o mercado de trading de ações do Brasil.

A ascensão do Morgan Stanley para o segundo lugar no Brasil, com 10,9 por cento do mercado, é o resultado de "sua exposição e comprometimento com o Brasil, enquanto muitos rivais recuaram", disse Tiago Pessoa, corresponsável pela corretora do Morgan Stanley na América Latina, em entrevista.