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Jovens estão dispostos a pagar por aplicativos de encontros?

Polly Mosendz

19/10/2016 11h44

(Bloomberg) -- "A contemplação do ser amado alimenta os apaixonados", argumentou William Shakespeare em uma história de amor do século 16. Essa contemplação nunca foi tão comum 417 anos mais tarde, quando imagens do potencial objeto de adoração podem ser vistas a um ritmo alucinante em qualquer smartphone.

Com diversos serviços móveis de encontro no mercado -- Bumble, Tinder, Grindr, Her, OkCupid, Scruff e Hinge, por exemplo -- nos dias de hoje os jovens amantes têm acesso a mais possíveis parceiros do que nunca. E eles estão cada vez mais dispostos a pagar por isso.

Entre os favoritos dos jovens nos EUA estão o Tinder, pioneiro no recurso de deslizar o dedo, o Bumble e o Hinge, que possui a base de usuários com o maior número de jovens. (Noventa por cento dos integrantes têm entre 23 e 36 anos). Esses aplicativos começaram aos poucos a levar suas bases de usuários para um modelo pago.

O Tinder lançou uma assinatura paga mensal -- de US$ 4,58 a US$ 9,99 por mês, dependendo da duração da assinatura -- e compras dentro do aplicativo no segundo trimestre de 2015. O Bumble era gratuito até agosto, quando lançou um serviço de assinatura mensal -- de US$ 6 a US$ 9,99 por mês. O último a se converter foi o Hinge, gratuito desde 2013, que neste mês passou a cobrar US$ 7 mensais por seu serviço pago.

Com exceção do Tinder, esses aplicativos não vendem propaganda. Para eles, o caminho para a monetização é convencer os jovens que não se sentiam inclinados a pagar por encontros de que vai valer a pena.

O Scruff, aplicativo de encontros para homens gays, já conseguiu isso. Em 2011, ele lançou uma versão paga que custava de US$ 9,99 a US$ 14,99 por mês. Hoje, um terço das assinaturas pagas são adquiridas por jovens, disse Jason Marchant, diretor de produto. Entre 15 por cento e 20 por cento de seus mais de 10 milhões de usuários pagam pelo aplicativo.

Na verdade, apesar de estarem cheios de dívida e subempregados, os jovens dos EUA não necessariamente são avessos a pagar pelos encontros. Entre usuários de 18 a 34 anos do banco on-line Simple, o gasto médio mensal em serviços de encontros é de US$ 11,65.

Mas há um limite para o que eles estão dispostos a desembolsar: não mais de US$ 15 por mês, segundo uma pesquisa informal com cerca de uma dúzia de jovens. E quando pagam por assinaturas mensais, eles querem recursos diferentes dos que são oferecidos pelas versões gratuitas dos aplicativos.

O Tinder informou que até agora suas iniciativas para monetizar foram simples, além de bem-sucedidas. No segundo trimestre deste ano, a matriz Match Group -- que também controla Match, OkCupid e Plenty of Fish -- viu a receita dar um salto de 21 por cento em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, graças a um aumento de 30 por cento do número médio de membros pagantes, conduzido pelo Tinder.

"Nunca tinha visto a monetização de uma empresa ser tão tranquila como essa, desde o ponto de partida", disse o presidente Gregory Blatt em uma conferência de resultados em julho.