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Futuro da venda de cannabis nos EUA está em pequenos brownies

Polly Mosendz

20/10/2016 15h35

(Bloomberg) -- "Você conhece a história de Maureen Dowd", disse Tim Moxey, suspirando. "E realmente não é uma boa história."

É verdade, a experiência de Dowd foi longe da ideal: após algumas mordidas em uma barra de chocolate com infusão de maconha, ela se encolheu em seu quarto de hotel em Denver, nos EUA, e sofreu um ataque de pânico. No dia seguinte, descobriu que a barra deveria ter sido dividida em 16 pedaços, e não consumida daquele jeito.

Dois anos depois de se tornar viral, essa história ainda assombra fabricantes de maconha comestível como Moxey, cofundador da produtora de alimentos com maconha Spot, de Seattle, nos EUA. Segundo ele, o infortúnio da colunista do New York Times foi ruim para todo o setor.

Na Spot, Moxey está elaborando alimentos com maconha que darão, digamos, um efeito suficiente -- mas não excessivo -- e testando-os para garantir a dosagem correta.

Apenas 17% dos alimentos com maconha vendidos nos EUA são rotulados de forma precisa, com o nível adequado de THC, segundo pesquisa de junho de 2015 publicada pela Journal of the American Medical Association. Como resultado, muitos consumidores de cannabis não têm ideia do quanto estão ingerindo e estão sujeitos a uma infinidade de efeitos desagradáveis.

As porções de cookies e brownies da Spot são dosificadas com exatamente cinco miligramas de THC, quantidade que produz um efeito muito mais suave do que o experimentado por Dowd. "Isso não vai te fazer perder o controle", disse Moxey sobre a quantidade. "Eu acredito que cinco miligramas é o nível correto a adotar."

A questão não se resume a estar no "nível correto". A Spot lançou a linha de alimentos com microdoses de maconha em parte para respeitar a legislação estadual. Washington é efetivamente um estado em que devem ser aplicadas microdoses, porque o limite legal é de 10 miligramas de THC por porção, com um limite de 100 miligramas para um pacote completo.

Cada porção precisa ser embalada individualmente, o que evita que os produtores de alimentos com maconha vendam um brownie gigante e digam que ele contém 10 porções.

Nem todos os estados americanos que legalizaram algum tipo de uso da maconha são tão estritos. No Colorado, o limite é de 100 miligramas por unidade. Na Califórnia, que não aplica nenhum tipo de limite, há um brownie um tanto assustador, de 700 miligramas, disponível para venda. Um brownie desse tipo contém mais de 35 vezes a quantidade de THC necessária para sentir algum efeito.

Embora a mudança para as microdoses tenha sido uma necessidade legal, a Spot descobriu que esses produtos eram perfeitos para os clientes que experimentam maconha pela primeira vez -- ou seja, uma porta de entrada. "Ninguém vai passar mal com cinco miligramas", explica Moxey. "É por isso que esses produtos estão sendo vendidos tão rapidamente."