Drinque old fashioned alivia tensão eleitoral nos EUA desde 1806
(Bloomberg) -- Nos EUA, o dia de eleição e as bebidas alcoólicas combinam tanto quanto gim e água tônica, como Jack Daniel's e Coca-Cola, como acordar no dia seguinte e tomar o dobro da dose recomendada de ibuprofeno.
Nos dias de hoje -- especificamente hoje, 8 de novembro, o clímax de uma campanha eleitoral historicamente desagradável --, os cidadãos americanos nunca tiveram tanto motivo para recorrer a um refresco proibido para menores. É o dever pátrio, porque significa participar de uma tradição mais antiga que o país.
"Dar bebidas alcoólicas ao povo nas eleições foi um costume colonial herdado da Inglaterra", observou o psicofarmacologista Ronald K. Siegel em seu livro "Intoxication: The Universal Drive for Mind-Alerting Substances".
George Washington não respeitou essa tradição quando concorreu em 1755 a House of Burgesses de Virgínia, uma assembleia legislativa colonial dos EUA. Os eleitores criticaram sua falta de hospitalidade. Recusando-se bravamente a cometer o mesmo erro novamente, Washington adotou a tradição. Em 1758, escreve Siegel, "Washington distribuiu 144 galões [545 litros] de rum, ponche, vinho, cidra e cerveja; ele recebeu 307 votos, mais que 2 eleitores por galão". O resto é a história dos EUA que se aprende no colégio.
Nos anos 1800, nos primórdios dos EUA, a conexão entre a eleição e a garrafa ficou ainda mais forte. O meio desse século testemunhou uma epidemia de "voto de cabresto", descrita recentemente por Atlas Obscura como uma operação para extrair votos em que "gangues violentas sequestravam eleitores, davam-lhes bebidas alcoólicas e drogas e os obrigavam a votar diversas vezes vestidos com vários disfarces diferentes".
Por volta da mesma época, o Tammany Hall, de Nova York, e seus adeptos trabalharam arduamente para incluir o partido democrata na política partidária, e os líderes políticos frequentemente administravam seções eleitorais em seus próprios bares.
Se a atual disputa entre Hillary e Trump faz com que você sinta saudades da época em que era possível exercer o direito de voto e ao mesmo tempo metabolizar o álcool no sangue, eu humildemente nomeio como candidato o drinque old fashioned.
Este é um drinque forte e também essencialmente bonito. "É uma das estruturas clássicas dos drinques", explicou Gates Otsuji, chef de bar da Standard Hotels de Nova York. "Quando se pensa no old-fashioned, é como fazer uma viagem ao passado."
Esta dinâmica é especialmente verdadeira em época de eleição. Quando a palavra inglesa "cocktail" apareceu impressa pela primeira vez, ela foi usada para descrever este drinque -- uma estreia que teve como cenário uma votação.
Em 1806, o editor de um jornal chamado Balance and Columbian Repository, de Hudson, Nova York, respondeu a um leitor confuso com uma recente referência pontual a "cock-tail":
"Cock-tail, portanto, é uma bebida alcoólica estimulante, composta por qualquer tipo de destilados, açúcar, água e bitters. (...) supostamente, é uma excelente poção eleitoral porque dá força e valentia ao coração e, ao mesmo tempo, inebria a mente. Também se diz que é de ótimo uso para um candidato democrático: porque, depois que uma pessoa tomou um copo dele, ela estará pronta para engolir qualquer coisa.
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