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Pimco adere a aperto monetário mais rápido nos EUA com Trump

Brian Chappatta e Liz Capo McCormick

10/11/2016 14h49

(Bloomberg) -- Ficou para trás a especulação no mercado de renda fixa de que uma vitória de Donald Trump adiaria a decisão do banco central dos EUA (Federal Reserve) sobre o aperto dos juros. Agora, os investidores se perguntam quantas vezes os juros vão subir em 2017.

Para gestoras de recursos incluindo Pacific Investment Management (Pimco) e TIAA Global Asset Management, a disparada nos rendimentos dos títulos do Tesouro de longo prazo após a eleição de Trump é sinal de que a inflação vai avançar.

Isso significa que a parte do mandato duplo do Fed que anda dormente há muito tempo poderá obrigar as autoridades a agir mais rapidamente do que em 2016, quando decidiram adiar o aperto diversas vezes após subirem a taxa básica para o intervalo de 0,25% a 0,5% no final do ano passado. Scott Mather, diretor de investimentos para estratégias centrais da Pimco, em Newport Beach, na Califórnia, prevê três elevações dos juros até o fim de 2017.

O mercado de swaps aponta expectativa de um ciclo de aperto mais rápido. Os contratos de swap overnight implicam que a taxa básica de juros estará em 1,02% dentro de dois anos, comparado a 0,82% no final da semana passada.

Isso significa que as cotações de mercado estão quase embutindo mais uma elevação nos juros, dado que a vitória de Trump e o controle do Congresso pelo Partido Republicano sinalizam uma onda de gastos públicos para impulsionar a economia doméstica.

"Vemos projeção de inflação mais alta e mais equilibrada e normalização mais rápida", escreveu Mather em relatório. "Isso significa que o Fed vai subir juros mais rapidamente do que o mercado contemplava para o próximo ano", ele afirmou, acrescentando que espera "dois a três acréscimos nos juros antes do fim de 2017".

O magnata do setor imobiliário de 70 anos prometeu reduzir impostos e gastar até US$ 500 bilhões em infraestrutura. As propostas de Trump aumentariam a dívida do país em US$ 5,3 trilhões, segundo estimativa do Comitê para um Orçamento Federal Responsável, que não tem afiliação partidária. A dívida pública negociável mais que dobrou durante o governo de Barack Obama para um recorde de quase US$ 14 trilhões.

De acordo com dados compilados pela Bloomberg no mercado de futuros de juros, a chance implícita de elevação da taxa básica em dezembro está em 82 por cento, comparado a 76 por cento no fim da semana passada.

Leilão fraco

Em um leilão de US$ 23 bilhões em títulos do Tesouro com prazo de 10 anos na quarta-feira, uma métrica de demanda caiu para o menor nível desde 2009. O interesse dos compradores estrangeiros se mostrou particularmente fraco.

Uma métrica para a curva de juros ficou mais aberta com o desempenho inferior das dívidas de longo prazo e as incertezas sobre como a presidência de Trump afeta a perspectiva para a política monetária.

Talvez os movimentos mostrem que uma elevação em dezembro não é mais certeza, afirmou Jim Vogel, responsável por estratégia de juros da FTN Financial, em Memphis, Tennessee. "Eles facilmente poderiam adiar até a primeira reunião de 2017 sem qualquer risco de a economia sair de controle", disse Vogel.

Se Trump liberar grande estímulo fiscal, "o Fed pode então ser forçado a reagir a isso com um ritmo mais rápido caso se aproxime ou até supere um pouco sua meta de inflação de 2%", disse Joe Higgins, gestor de estratégia de renda fixa do TIAA-CREF Bond Fund, da TIAA Global Asset Management, em Nova York, que administra US$ 915 bilhões em ativos. "Não é inconcebível que o ritmo de acréscimos pelo Fed seja mais rápido do que em outra situação."