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Ambulantes podem ganhar mais espaço nas ruas de Nova York

Henry Goldman

21/11/2016 14h46

(Bloomberg) -- Durante mais de um século, as autoridades da cidade de Nova York viram os vendedores ambulantes como um risco à saúde pública e uma ameaça às empresas que pagam impostos. Agora, uma nova geração do conselho legislativo municipal está cortejando esse eleitorado formado por trabalhadores pobres.

Cerca de 10 mil ambulantes vendem de tudo pelas ruas de Nova York, de cachorros-quentes a carregadores de celulares, muito mais do que o permitido pelo governo da cidade mais populosa dos EUA.

A demanda pela autorização para a venda de alimentos, que custa US$ 200 e é válida por dois anos, é tão grande que criou um mercado paralelo de negociantes que as alugam ilegalmente por até US$ 30 mil, segundo um relatório do conselho da cidade.

Os legisladores municipais, eleitos com a promessa de ajudar os trabalhadores de baixa renda, agora buscam regular e melhorar negócios que desafiam os controles governamentais desde que os ambulantes do século 19 lotavam o Lower East Side de Manhattan.

O conselho busca implementar leis que mais que duplicariam as autorizações para vendedores de rua e multiplicariam seu preço por cinco para pagar pela fiscalização. Eles buscam legitimar um negócio que irrita os governos locais em todo o mundo, sustentando vidas humildes de Hong Kong a Herald Square.

"Eles dão vida às nossas ruas", disse o legislador Mark Levine, 47, autor das propostas. "A demanda dos nova-iorquinos por comida de rua é insaciável. Mas temos um sistema antiquado que clama por uma atualização."

Os legisladores agora apostam que o aumento do número de autorizações para ambulantes limitará o mercado ilegal. O preço subiria para US$ 1.000. As medidas estabeleceriam também uma agência para realizar inspeções sanitárias e garantir que os vendedores não invadam a comunidade.

Cheiro de alho

Muita gente duvida. Durante uma audiência de sete horas, no mês passado, moradores, comerciantes e donos de imóveis reclamaram que os legisladores não se esforçaram o suficiente para protegê-los.

Barbara Livenstein, do Upper East Side de Manhattan, disse aos legisladores que precisou aguentar nos últimos dois anos o "indesejável e sufocante odor de alho e cebola" gerado diariamente por um vendedor instalado em frente ao edifício onde ela mora.

"Devo presumir que a duplicação do número de vendedores fará com que outros vendedores se mudem para nosso quarteirão", disse ela.

Michael Lambert, que dirige a Associação Distrital para Melhora dos Negócios da Cidade de Nova York, que representa 72 bairros, disse que as propostas dão muito espaço na calçada aos ambulantes e muita liberdade de ação para instalarem carrinhos próximo a entradas de lojas, estações de metrô e residências.

"As comunidades locais devem ter algum voto em relação ao número de ambulantes, à localização e aos horários, assim como têm em relação às cafeterias instaladas nas calçadas", disse ele.

O legislador Levine disse que os projetos estão sendo reformulados para que atendam às preocupações e que provavelmente serão colocados em votação nos próximos meses.