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Índia quer se transformar em centro de fabricação de celulares

Saritha Rai

21/11/2016 15h59

(Bloomberg) -- O primeiro-ministro Narendra Modi vem lutando para levar mais indústrias para a Índia. Mas agora ele tem um incentivo atraente para as empresas de tecnologia construírem mais fábricas no país: o mercado de smartphones que cresce mais rapidamente no mundo.

Atualmente, a Índia contribui com apenas cerca de 6 por cento do valor dos celulares vendidos no país mediante fabricação ou montagem local, mas essa contribuição poderia superar 30 por cento dentro de cinco anos, segundo um estudo conjunto da Counterpoint Research e da principal escola de administração da Índia, o India Institute of Management, em Bangalore. O governo deveria aproveitar o aumento da demanda doméstica para atrair fabricantes que produzirão componentes de maior valor, como baterias, câmeras e semicondutores, segundo o estudo.

Neste ano, a Índia superou os EUA e se transformou no segundo maior mercado de smartphones do mundo segundo o número de usuários. Projeta-se que um bilhão de smartphones serão vendidos no país nos próximos cinco anos. Contudo, o valor agregado por meio da fabricação local é insignificante na comparação com o de outros países, como a China e a Coreia do Sul, onde 70 por cento e 50 por cento do trabalho, respectivamente, são feitos localmente, segundo a pesquisa. Modi, que fez do programa Make in India a parte central da sua política econômica, quer mais empregos desse tipo, já que seu país oferece um mercado tão lucrativo.

"A Índia tem potencial para ser líder mundial no ecossistema de fabricação de celulares e isso tem que ser feito por etapas", disse Aruna Sundararajan, secretária do Ministério de Eletrônica e Tecnologia da Informação da Índia. Ela disse que o governo enviará cerca de 100 engenheiros de design para Taiwan para aprenderem sobre design de produtos e necessidades dos clientes.

Crescimento

A Apple, a Samsung Electronics e a Xiaomi têm intensificado seus esforços na Índia à medida que o crescimento nos EUA, na China e em outros mercados diminui. O CEO da Apple, Tim Cook, viajou pela primeira vez à Índia em maio e sua empresa está fazendo lobby para ter o direito de abrir suas próprias lojas de varejo. Sob as normas atuais, empresas como a Apple precisam comprar 30 por cento de seus componentes na Índia se quiserem operar seus próprios pontos de venda no país.

Os smartphones e celulares básicos vendidos na Índia nos próximos cinco anos necessitarão, juntos, mais de US$ 80 bilhões em componentes, frente aos US$ 11 bilhões atuais. Se o país conseguir avançar na cadeia de valor da simples montagem para a fabricação mais complexa, isso poderia aumentar a contribuição local para 32 por cento até 2020, disseram os pesquisadores.

A Counterpoint estimou que mais de 180 milhões de celulares serão montados na Índia em 2016, representando 67 por cento do total de 267 milhões de celulares vendidos. É um aumento de 14 por cento em relação a 2014.

Contudo, é improvável que a Índia desafie a China como exportadora de celulares em breve, porque o mercado local está crescendo muito rapidamente. "A demanda local na Índia deveria ser suficiente para consumir os produtos fabricados no país", disse Anthea Lai, analista da Bloomberg Intelligence. "A Índia ainda não seria uma ameaça."