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Quem paga para proteger as torres de Trump contra terroristas?

Stephanie Baker

06/12/2016 17h08

(Bloomberg) -- Donald Trump se prepara para assumir a presidência dos EUA e as torres de luxo localizadas em lugares como Istambul e Manila que ostentam seu nome acabam se tornando símbolos de fato do governo americano, transformando-os em possíveis alvos de terroristas. Especialistas afirmam que a dúvida a respeito de como protegê-los e de quem deve pagar a conta gera um complexo dilema ético e jurídico.

O próprio Trump reconheceu que sua eleição "fortalece sua marca", mas não falou publicamente a respeito de como proteger edifícios que carregam o emblema da presidência sem contarem com a segurança das embaixadas americanas.

"Se um terrorista está buscando um alvo americano simbólico para atacar que seja relativamente acessível, edifícios altos com o nome do novo presidente estampado na fachada seriam alvos muito atraentes", disse Matthew Bryza, ex-embaixador dos EUA no Azerbaijão e integrante sênior da think tank Atlantic Council. "Além disso, sairia muito caro protegê-los. É preocupante."

O dilema de segurança persistirá independentemente das medidas que Trump tomar para respaldar seus negócios. Trump deverá anunciar o plano de deixar sua organização em entrevista coletiva em 15 de dezembro. Se ele entregar a direção ou até mesmo a propriedade dos negócios aos seus filhos, o nome Trump provavelmente continuará sendo usado em arranha-céus em cidades que estão em alerta máximo contra ataques terroristas.

'Pedir para ter problemas'

"É pedir para ter problemas", disse Richard Painter, que atuou como advogado especializado em ética da Casa Branca na presidência de George W. Bush. "Precisamos de proteção para esses edifícios. Será com o dinheiro do contribuinte americano ou do governo estrangeiro? O dinheiro do governo estrangeiro levanta problemas constitucionais."

Os governos estrangeiros podem ter que expandir a segurança nas propriedades que levam a marca Trump, a menos que a Trump Organization ou seus parceiros paguem pelo aumento da proteção, disse ele. A Constituição dos EUA proíbe as autoridades de aceitarem presentes ou pagamentos de governos estrangeiros, mas não está claro se o aumento da proteção seria considerado um pagamento. Painter acrescentou que um ataque a um edifício com a marca Trump poderia até mesmo levar os EUA a um conflito militar, o que significa que o problema pode ir além do dinheiro.

Amanda Miller, vice-presidente de marketing da Trump Organization, disse que a companhia não comenta suas medidas de segurança.

A CIA e o FBI provavelmente examinariam qualquer ameaça contra propriedades de Trump e o problema poderia acabar sendo significativo, segundo Chris Phillips, ex-chefe do Escritório para a Segurança e Contraterrorismo do Reino Unido.

"Eles são referências que viram alvos", disse ele. "De repente um lugar movimentado comum vira um lugar de alto risco. A maioria das propriedades fica em lugares de onde não é possível afastar as pessoas."