Bilionário trabalha para salvar seu império tecnológico na China
(Bloomberg) -- Ao expandir seu império tecnológico na China, Jia Yueting não poupou críticas às gigantes do setor. Em sua primeira aparição internacional na TV, em abril, o bilionário de 43 anos chamou a Apple de "ultrapassada" e afirmou que o ritmo de inovação da empresa é "extremamente lento". Depois, disse que a Tesla Motors pode até ser uma companhia "ótima", mas ele buscaria superar Elon Musk e "liderar o salto do setor a uma nova era".
Quanta diferença uns poucos meses podem fazer. Jia admitiu no mês passado, em memorando aos seus funcionários, que sua empresa controladora LeEco havia se expandido agressivamente demais nos ramos de smartphones, carros elétricos e outros e que estava tendo dificuldades para levantar o dinheiro necessário. Jia reduziu seu próprio salário para 1 yuan (US$ 0,15) e fez um alerta sobre as dificuldades futuras. "Nós aceleramos cegamente e nossa demanda de caixa disparou", escreveu. "Nós ampliamos demais nossa estratégia global."
A crise de liquidez agora está se espalhando. Duas fornecedoras taiwanesas de divisões de hardware da LeEco alertaram que a companhia está com pagamentos atrasados. Outra fornecedora, a MediaTek, está exigindo pagamento antecipado para entrega de produtos à companhia, segundo uma pessoa familiarizada com o assunto. Quanto à divisão de carros elétricos que deveria desafiar a Tesla, a empreiteira que estava construindo sua fábrica de US$ 1 bilhão em Nevada suspendeu os trabalhos após mais de US$ 20 milhões em pagamentos não realizados.
A base do império de Jia parece também ter sido abalada. Ele fez sua fortuna com uma empresa de vídeos on-line chamada Leshi Internet Information & Technology, uma versão chinesa do Netflix avaliada em mais de US$ 10 bilhões. Mas Jia usou sua participação na Leshi como garantia para tomar bilhões emprestados e financiar sua expansão. As ações da Leshi despencaram recentemente, levantando a perspectiva de que Jia tenha que conseguir mais dinheiro e vender ativos sob a pena de ter seus empréstimos cancelados. Leshi suspendeu a negociação de suas ações na quarta-feira em Shenzhen enquanto a companhia analisa a queda de suas ações e os relatórios sobre os empréstimos de Jia.
"O ecossistema como um todo consumiu dinheiro demais", disse Ray Zhao, analista da Guotai Junan Securities. Jia foi hábil para inventar visões brilhantes de oportunidades futuras, mas não conta com os recursos para executá-las, disse ele. "Todos esses negócios exigem dinheiro."
Jia, LeEco e Leshi preferiram não comentar para essa reportagem. Jia disse no memorando aos funcionários e em entrevistas à imprensa local que os problemas de recursos da companhia são um revés temporário que será superado nos próximos dois anos à medida que os diversos negócios da empresa forem reestruturados para gerar dinheiro.
Dan Schwartz, o tesoureiro de Nevada, questionou os planos de Jia para a fábrica de carros elétricos no estado americano. Ele acredita que a estratégia do bilionário de tomar empréstimos para financiar tantos negócios novos tão rapidamente é insustentável. "Tudo isso é uma fantasia", disse ele. "A melhor analogia é o conto 'A roupa nova do imperador'. Não há nada de concreto."
Título em inglês: Outspoken Billionaire Works to Salvage His Tech Empire in China
Para entrar em contato com o repórter: David Ramli em Pequim, dramli1@bloomberg.net, Para entrar em contato com os editores responsáveis: Daniela Milanese dmilanese@bloomberg.net, Patricia Xavier
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