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Nova estratégia da Teen Vogue inclui Trump e dicas de maquiagem

Polly Mosendz

20/12/2016 14h53

(Bloomberg) -- Para os leitores que estão se adaptando a encontros estranhos com notícias políticas na internet, tanto verdadeiras quanto falsas, uma publicação tradicional conseguiu superar sua cota de surpresa neste ano eleitoral. "De algum modo, a Teen Vogue conseguiu fazer jornalismo de verdade E vender macacões de cetim excessivamente caros", diz uma mensagem publicada no Twitter por um leitor empolgado. "AO MESMO TEMPO."

"Me sinto atacado, mas também reconhecido!!!", respondeu Phillip Picardi, diretor editorial digital da Teen Vogue.

Sim, a versão juvenil da revista centenária de moda e sociedade lançada por Condé Montrose Nast em pessoa se tornou de algum modo um reduto de textos políticos mordazes sobre assuntos que desafiam os estereótipos superficiais de uma revista para adolescentes. Artigos recentes abordaram protestos estudantis, defesa dos direitos das pessoas com deficiência e a posição do vice-presidente eleito Mike Pence sobre a terapia de reorientação sexual, além de usar o conceito de gaslighting sobre a transição do presidente eleito Donald Trump.

Há quase dois anos, quando Picardi entrou na equipe da revista digital, a Teen Vogue on-line publicava um fluxo constante de páginas de moda e beleza que eram um reflexo da edição impressa da revista. Na tentativa de refletir todo o leque de interesses de seu principal público-alvo, mulheres de 18 a 24 anos, o site se afastou de seu foco exclusivo em estilo de vida e celebridades e passou a trabalhar com jornalistas jovens com experiência em notícias sérias. (Revelação: esta jornalista escreveu várias matérias para o site da Teen Vogue antes de entrar na Bloomberg.com.)

"Estamos corrigindo a noção de que a Teen Vogue não cobriria determinado assunto", disse Picardi, 25, em entrevista por telefone. "Você pode se importar com o que veste, com compras, com o tipo de batom e base que usa... e você também pode querer saber o que está acontecendo nas manchetes de notícias. Essas duas coisas podem coexistir em paz."

Nesta semana, em um exemplo desse leque, a página inicial da Teen Vogue inclui reportagens sobre discriminação contra pessoas trans, um apanhado dos indicados para o Globo de Ouro, políticas sobre visitas a prisões, e cinco dicas para fazer uma casa de biscoito. "Nós não damos todas as notícias, como um jornal", disse Picardi. "Então, quando cobrimos alguma coisa, nós fazemos a cobertura do ponto de vista de um jovem. Queremos ser um recurso para eles."

Muitas das ideias de notícias são geradas monitorando os leitores da Teen Vogue nas redes sociais. "Isso tem uma influência enorme sobre o nosso trabalho", disse Terron Moore, diretor de redes sociais da publicação. Um comentário em resposta a uma matéria sobre uma tendência de maquiagem é levado tão a sério quanto uma resposta a uma reportagem sobre um protesto. "Um dos meus memes preferidos é 'Consiga uma marca que possa fazer as duas coisas'", disse ele. "Não temos medo de estar muito empolgados com as duas coisas."

A transição para uma maior cobertura de notícias sérias, junto com um aumento da produção de conteúdo, rendeu frutos. Entre abril de 2015 e novembro passado, o tráfego para a Teen Vogue pulou de 2,5 milhões de visitantes únicos mensais para 9,4 milhões, de acordo com a revista.

"Não concordo com a ideia de que não dá para cobrir as notícias e as Kardashians", disse Picardi. "A noção de que as meninas não podem ser inteligentes e também gostar de moda é, francamente, nociva."

Título em inglês: Teen Vogue's New Strategy: Tackling Trump News and Makeup Tips

Para entrar em contato com o repórter: Polly Mosendz em N York, pmosendz@bloomberg.net, Para entrar em contato com os editores responsáveis: Daniela Milanese dmilanese@bloomberg.net, Patricia Xavier

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