China estuda opções para sustentar moeda e conter saídas
(Bloomberg) -- A China estudou possíveis cenários para o yuan e para saídas de capital neste ano e está preparando planos de contingência, de acordo com pessoas com conhecimento do assunto. O yuan negociado no exterior registrou a maior alta em um ano.
As autoridades usaram testes de estresse, modelos e pesquisa de campo, segundo essas pessoas, que pediram anonimato porque os estudos ainda não foram publicados.
Elas acrescentaram que reguladores do setor financeiro já incentivaram algumas empresas estatais a vender moeda estrangeira e talvez obriguem essas companhias a converter temporariamente alguns ativos em yuan sob a conta corrente, caso necessário.
A Agência Estatal de Câmbio não respondeu imediatamente a um fax da reportagem solicitando comentário.
Os planos relatados foram elaborados em um momento de maior pressão sobre o yuan com o fortalecimento do dólar, o aumento das saídas de capital e preocupações de que o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, cumpra ameaças de punir as exportações chinesas.
Governantes em Pequim tomaram uma série de providências recentemente para apertar os controles do mercado de câmbio, inclusive impondo maior rigor às cotas de conversão dos cidadãos e maiores exigências aos bancos que informam transações entre fronteiras.
"A China tem enfrentado dificuldades com as saídas de capital e a queda das reservas internacionais e as autoridades estão tomando medidas para solucionar o problema", disse o estrategista de câmbio Eddie Cheung, do Standard Chartered, instituição que é campeã no ranking da Bloomberg de precisão nas projeções para moedas de países emergentes da Ásia. "Os fundos continuarão tendo saídas no primeiro semestre devido a compras de dólares por indivíduos e preocupações relativas a incertezas políticas nos EUA", disse Cheung, que trabalha em Hong Kong.
O yuan offshore registrava valorização de 0,9%, em 6,8958 por dólar, às 19h20 em Hong Kong. Foi o maior ganho desde janeiro de 2016. Nas negociações em Xangai, a moeda subiu 0,3%, a maior alta desde julho, para 6,9400. O Bloomberg Dollar Spot Index recuou 0,4%.
A China também pode vender títulos do Tesouro americano neste ano para manter a estabilidade da taxa de câmbio, disseram as fontes, acrescentando que o tamanho da redução dos ativos dependerá das saídas de capital e das intervenções no mercado.
A carteira do país em títulos do Tesouro americano diminuiu para o menor nível em seis anos em outubro, quando a segunda maior economia do mundo usou as reservas internacionais para dar sustentação ao yuan.
As reservas chinesas atingiram em novembro o menor nível em cinco anos de US$ 3,05 trilhões e provavelmente caíram ainda mais desde então, segundo estimativa mediana de uma pesquisa da Bloomberg sobre dados que saem nesta semana.
As saídas de capital se aceleraram nos últimos meses. A perda do yuan em 2016, de 6,5 por cento, foi a maior desde 1994. Saíram da China aproximadamente US$ 760 bilhões nos primeiros 11 meses do ano passado, segundo indicador elaborado pela Bloomberg Intelligence. A moeda chinesa vai perder 2,7% ao longo deste ano, de acordo com a estimativa mediana de uma pesquisa da Bloomberg.
"As medidas, se implementadas, podem ajudar a aumentar a oferta de moeda estrangeira no mercado onshore e assim ajudar a defender o yuan no curto prazo", disse Carol Pang, diretora de renda fixa, câmbio e commodities da Zhongtai International Holdings, em Hong Kong. "No entanto, não vão mudar a expectativa do mercado de depreciação adicional."
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