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Análise: Guerra entre sistemas operacionais abarca todo o resto

Shira Ovide

05/01/2017 11h07

(Bloomberg) -- A guerra entre sistemas operacionais recomeçou.

As antigas brigas acaloradas para definir qual é o software operacional dominante em computadores e smartphones já foram resolvidas. A Microsoft conquistou os computadores. Nos smartphones, Android ganhou em termos de volume, e Apple, em termos de lucro.

Agora que a computação está se espalhando por todos lados, dos motores de avião às camisetas, velhos e novos combatentes do setor de tecnologia estão disputando o controle do software subjacente de praticamente qualquer coisa que possa ser feita com um cérebro eletrônico: carros autônomos e componentes veiculares, aparelhos de TV, eletrodomésticos, alto-falantes e muito mais.

É difícil saber como será a última jogada -- e até mesmo quais são os objetivos -- nesta nova guerra entre sistemas operacionais, mas ela é a briga mais interessante do mundo da tecnologia. Os líderes iniciais são o Google e, surpreendentemente, a Amazon, e a Apple está rondando por aí. A seguir, um breve panorama de alguns dos combatentes:

Google: A principal característica da companhia controladora do Google, a Alphabet, é ser uma desordenada empresa faz-tudo. Ela está promovendo um sistema de entretenimento com base no Android para carros.

Está promovendo um sistema operacional Google diferente, Chromecast, para televisores e caixas de vídeo web que se conectam a aparelhos de TV. Google Home é mais uma das tentativas da empresa de se tornar o cérebro digital no centro da casa das pessoas. Na estrada, a empresa anunciou acordos para testar seu sistema operacional para veículos autônomos com fabricantes como a Fiat Chrysler Automobiles.

Amazon: eu já disse antes que a Amazon se tornou um competidor surpreendente na disputa pelo controle do sistema operacional para casas. E a companhia dominou as primeiras horas da gigantesca exposição de produtos eletrônicos realizada nesta semana em Las Vegas.

Seu software de televisão ou o assistente controlado por voz Alexa estão chegando aos aparelhos televisores, aos alto-falantes controlados por voz e fabricados pela Lenovo, a eletrodomésticos como fornos e lava-louças, e a um gravador de vídeo digital. Especula-se que a tecnologia de veículos autônomos da Amazon poderia ser o próximo passo.

Apple: A companhia levou seu sistema operacional iOS dos telefones aos sistemas de entretenimento veiculares, a um controlador de aparelhos domésticos como termostatos e fechaduras, e talvez em breve a um sistema tecnológico para carros autônomos. Trata-se de um avanço para a Apple, que vinha confinando seus sistemas operacionais de software principalmente a seus próprios aparelhos de computação.

Os retardatários, até agora: Samsung Electronics vem tentando colocar o software que construiu em suas próprias marcas de televisores, geladeiras, smartphones e outros. Isso não parece promissor.

E onde está a Microsoft? Talvez esteja feliz em deixar a briga pelos produtos de computação destinados ao consumidor para os outros e se concentrar no software corporativo, que é extremamente lucrativo, com seu serviço de computação na nuvem Azure, que poderia se beneficiar com a proliferação de coisas com cérebros eletrônicos.

Muitos espólios ficaram com os vencedores das últimas guerras entre os sistemas operacionais. O domínio da Microsoft sobre o software das entranhas dos computadores pessoais lhe conferiu uma base para construir uma das empresas dominantes durante três décadas.

A Apple reinventou o smartphone vinculando-o a seu sistema operacional e se tornou a corporação mais valiosa do planeta. É discutível o quanto o Google se beneficiou diretamente de seu controle sobre o Android, mas, no mínimo, o domínio do Google sobre as pesquisas na internet recebeu ajuda do papel do Android em 85% dos smartphones do mundo.

Na atual guerra por todas as outras coisas computacionais, ainda não está claro quais serão os grandes prêmios. Como Google, Apple e outros combatentes no segmento dos veículos autônomos pretendem ganhar dinheiro?

Será que a Amazon está atrás de itens controlados por software para atrair mais clientes, para canalizar mais negócios para a unidade Amazon Web Services ou para algum objetivo muito maior na mente de Jeff Bezos?

Como a maioria das disputas do mundo da tecnologia, essa não será barata. Amazon, Apple e Alphabet já investiram coletivamente mais de US$ 35 bilhões por ano no desenvolvimento de novas tecnologias.

E a diversidade de coisas conectadas à internet em ambientes industriais e em outros lugares garante que o mercado provavelmente não vai se aglutinar em um ou dois vencedores, como aconteceu com os computadores pessoais, com os servidores de computação e com os smartphones.

É fácil ridicularizar geladeiras e torradeiras "inteligentes" controladas por voz afirmando que a mania tecnológica chegou a extremos. Mas a disputa mais abrangente entre os sistemas operacionais é importante. A competição pelo sistema operacional entre as gigantes do setor de tecnologia moldou a tecnologia de consumo em eras anteriores, e esta nova guerra é a garantia de que os próximos anos serão interessantes e desordenados.

Esta coluna não reflete necessariamente a opinião da Bloomberg LP e de seus proprietários.