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Apesar dos pesares, Goldman reforça estratégias quantitativas

Dakin Campbell e Annie Massa

10/01/2017 11h55

(Bloomberg) -- Antes cético quanto às vantagens da velocidade nos mercados acionários, o Goldman Sachs Group agora está redobrando seus esforços na negociação automatizada de ações.

Destino de longa data de fundos de hedge que preferem seres humanos escolhendo os instrumentos que serão negociados, o Goldman Sachs não se deu tão bem com gestores de perfil quantitativo, que apostam em estratégias de computação para tomar decisões de compra e venda. Agora, o banco tenta atrair mais fundos quantitativos e revela que sua meta de vendas é ficar entre os três líderes do segmento.

O Goldman Sachs tem um pacote completo de serviços de estratégias quantitativas após aprimorar sua tecnologia, garantem os sócios do banco que estão à frente da empreita, Raj Mahajan e Jeff Nedelman.

"Concluímos que existem pontos-base reais de qualidade de execução em risco", disse Mahajan, que foi contratado em 2015 para comandar a divisão de execução eletrônica de renda variável. "Estamos investindo pesadamente para assegurar sua captura por nossos clientes", ele declarou em entrevista realizada em dezembro na sede do banco, em Nova York.

Este é um dos argumentos usados para vender fundos quantitativos. Velocidade e eficiência também se tornaram mais importantes para gestoras tradicionais, como T. Rowe Price Group e Fidelity Investments, em seus esforços para enxugar despesas e combater a ameaça representada por fundos e índices negociados em bolsa, que têm custos menores.

O Goldman Sachs, que é o principal corretor de somente um dos três maiores fundos quantitativos, aposta nas máquinas em um momento de crise para algumas gestoras de recursos que operam em cima de decisões tomadas por computadores. As principais estratégias de fundos de hedge quantitativos da BlackRock provavelmente registraram perdas no ano passado e quatro das cinco estratégias da firma estavam a caminho de apresentar suas piores taxas de retorno até hoje, de acordo com um informe mensal a clientes contendo os resultados até novembro. Na Systematica Investments, de Leda Braga, o principal fundo quantitativo amargou queda de 11 por cento no ano passado.

E a concorrência está ficando mais acirrada. No final de 2014, a Virtu Financial, uma das várias firmas iniciantes que chegaram usando algoritmos velozes para negociar ativos, criou um serviço para executar transações para a T. Rowe Price.

"Os fundos de investimento, sejam quantitativos ou mútuos, são os clientes tradicionais desses grandes bancos", disse Rich Repetto, analista da Sandler O'Neill & Partners responsável pela cobertura de bolsas. "Agora todo mundo tenta vender seus algoritmos para eles."

Demorou alguns anos para o Goldman Sachs chegar neste ponto. Em 2015, mesmo ano em que Mahajan foi contratado, o banco comprou a Pantor Engineering para melhorar sua conectividade com as bolsas de valores. Boa parte desse projeto terminou no ano passado.

Enquanto isso, em outra iniciativa de aceleração, o Goldman Sachs aprimorou a infraestrutura que permite que mais de 130 sistemas processem as informações necessárias para cumprir normas de conformidade, risco e auditoria em cada transação.

Em 2014, Gary Cohn, que acaba de deixar a diretoria do Goldman Sachs, escreveu uma coluna de opinião no Wall Street Journal defendendo a melhora da estrutura do mercado pelo setor e pelas autoridades reguladoras, a fim de reduzir os riscos oriundos da fragmentação dos mercados e da aceleração das transações. Foi no mesmo ano em que o livro "Flash Boys: Revolta em Wall Street", do repórter Michael Lewis, foi publicado e causou revolta no público.

A nova estratégia reflete o reconhecimento de que, embora as condições não tenham mudado tanto desde que o banco se posicionou contra a maior velocidade das transações, o Goldman Sachs continuou investindo em automação.