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Argentina quer ser potência do lítio em meio a boom de baterias

James Attwood e Jonathan Gilbert

07/03/2017 12h22

(Bloomberg) -- A Argentina tem algumas boas notícias para a Tesla de Elon Musk e más notícias para os produtores de lítio de outras partes do mundo: o país pode estar prestes a inundar o mercado com lítio.

Depois que o presidente Mauricio Macri cancelou os controles cambiais e de capitais e os impostos aplicados por seus antecessores, cerca de 40 empresas estrangeiras começaram a analisar oportunidades no setor de mineração da Argentina, mais da metade delas no lítio, segundo o secretário de Mineração, Daniel Meilán.

Os pesos-pesados do setor Albemarle Corp., Soc. Química y Minera de Chile, Eramet e Jiangxi Ganfeng Lithium estão entre os grupos que buscam expandir ou construir novas operações de lítio na Argentina como parte de uma lista de US$ 20 bilhões em projetos de mineração até 2025, disse Meilán na segunda-feira, em entrevista. A chinesa CITIC também está em busca de oportunidades, segundo o governo.

Se todos os projetos avançarem, a produção anual argentina do metal usado em baterias de veículos elétricos aumentará para 165.000 toneladas, ou cerca de 45 por cento da oferta global, segundo projeções do governo. Os preços subirão até 15 por cento neste ano, estimou a Albemarle no mês passado.

"De forma conservadora, a Argentina representará cerca de metade da produção global de lítio até 2020", disse Meilán, que também chefiou a área de mineração durante a presidência de Carlos Menem nos anos 1990, em Toronto, onde participa da conferência de mineração PDAC. "Isso nos mostra que estamos começando a ser bem vistos globalmente."

O que aumenta ainda mais o interesse dos investidores é um conjunto de regras padronizadas para as províncias que, segundo Meilán, provavelmente entrará em vigor em junho ou julho. Segundo um acordo negociado entre o governo federal e os governos provinciais -- que são donos dos minerais em seus territórios --, será cobrado um royalty de até 3 por cento das mineradoras, disse ele. O acordo ainda precisa de aprovação do Congresso.

Interesse estimulado

A desregulação realizada pelo governo Macri, que assumiu em dezembro de 2015, estimulou o interesse de mineradoras globais como Glencore e Vale, que haviam suspendido ou desacelerado projetos na Argentina, segundo o governo. A Vale, que tem sede no Rio de Janeiro e é a maior produtora de minério de ferro do mundo, terminará um estudo de viabilidade em setembro para uma versão em escala reduzida do projeto de potássio de Rio Colorado, que suspendeu em 2013, disse Meilán.

Sob o acordo, o governo mudará o regime tributário para tornar a indústria da mineração da Argentina mais competitiva e melhorar a infraestrutura relacionada à mineração. A empresa First Quantum Minerals, com sede em Vancouver, Canadá, que está estudando um projeto de cobre na província de Salta, Argentina, vem acompanhando os acontecimentos e gostaria de ver mudanças que oferecessem uma melhor estabilidade para os investimentos, disse Sharon Loung, porta-voz da companhia, por e-mail, em 31 de janeiro.

Um exemplo da ênfase que o governo Macri está colocando na mineração é seu plano de organizar uma cúpula de ministros da América do Sul e da América do Norte em Buenos Aires em maio.