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Gerente de mineradora é acusado de realizar contrabando no Peru

Michael Smith e David Voreacos

16/03/2017 14h20

(Bloomberg) -- O gerente de operações de uma empresa de refino de metais foi acusado de ajudar a administrar uma rede de contrabando que obteve bilhões de dólares para minas ilegais controladas por traficantes de drogas e outros criminosos na América do Sul.

Uma queixa-crime apresentada contra Juan P. Granda descreve uma vasta conspiração envolvendo funcionários da NTR Metals para a compra de enormes quantidades de ouro de minas ilegais do Peru que dão respaldo a tráfico humano, trabalhos forçados e devastação ambiental. O esquema permitiu que o escritório da NTR Metals em Miami lavasse bilhões de dólares para organizações criminosas -- incluindo narcoterroristas peruanos -- comprando ouro de minas controladas por eles, segundo a queixa dos EUA apresentada em Miami.

As acusações sinalizam a repressão dos EUA aos contrabandistas que exploram o aumento no consumo mundial de ouro extraído ilegalmente da bacia amazônica, onde os trabalhadores utilizam mangueiras de incêndio e mercúrio para extrair o metal precioso praticamente puro.

Em 9 de março, a Bloomberg Businessweek detalhou como os contrabandistas, as refinarias e os traders fornecem ouro oriundo de minas ilegais na América Latina, por Miami, com destino ao mercado internacional. A reportagem se concentrou em um contrabandista chileno que vendeu milhares de quilos de ouro extraído ou contrabandeado ilegalmente, principalmente para o escritório da NTR em Miami, antes de sua prisão, no ano passado, em Santiago.

A NTR Metals, que tem sede em Dallas, EUA, não foi acusada no processo. A companhia, também conhecida como Elemetal Direct, é uma das oito divisões da Elemetal LLC, que tem sede em Dallas. Trey Gum, conselheiro-geral da Elemetal, preferiu não comentar o assunto.

Granda, que foi preso na quarta-feira, deverá se apresentar pela primeira vez a um tribunal de Miami nesta quinta-feira, segundo uma pessoa com conhecimento do assunto que não estava autorizada a discutir o caso publicamente. Granda não foi localizado para comentar.

Registros da alfândega dos EUA "sugerem fortemente" que a NTR começou a comprar ouro ilegal no Peru em 2012, segundo a queixa do setor de Investigações de Segurança Interna dos EUA (HSI, na sigla em inglês) e do FBI. A NTR, então, começou a "contrabandear ouro ilegal por meio de um grupo variável de países latino-americanos", chegando a importar o equivalente a US$ 3,6 bilhões entre 2012 e 2015, segundo a queixa.

"Devido ao equivalente a bilhões de dólares embarcado da América Latina à NTR em Miami, a NTR enviou bilhões de dólares em transferências eletrônicas dos EUA para a América Latina", escreveu o agente do HSI Colberd Almeida em declaração jurada apresentada em 10 de março sob sigilo à Justiça Federal dos EUA em Miami.

Granda conspirou com dois vendedores e outras pessoas que sabiam que as transações envolviam "crime organização, contrabando de ouro e entrada de produtos nos EUA por meios e declarações falsos, extração ilegal e tráfico de narcóticos, tudo na esperança de gerar mais lucros para eles e para a NTR", escreveu Almeida.