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UE busca solução duradoura em investigação ao Google

Aoife White

24/03/2017 13h42

(Bloomberg) -- A União Europeia busca criar soluções "duradouras" para possíveis alterações do Google a seu serviço de busca de compras, segundo pessoas familiarizadas com a investigação ao gigante das pesquisas na internet.

A investigação da UE se concentra nos serviços Google Product Search e Google Shopping a fim de determinar se a empresa promove injustamente esses serviços quando os usuários pesquisam um produto e se a companhia empurra os sites concorrentes de comparação de compras para baixo nos resultados.

A Comissão Europeia está atenta para não ordenar algum tipo de solução que possa se tornar irrelevante em pouco tempo no setor de tecnologia, que muda rapidamente, por isso busca formas de corrigir a situação sem impor prescrições rígidas ao que o Google deve fazer, disseram as pessoas, que pediram anonimato porque os detalhes da investigação não são públicos. A autoridade, que tem outras duas investigações ativas com foco na gigante da tecnologia dos EUA, também estaria considerando penalidades financeiras.

Em vez disso, as autoridades preferem definir princípios gerais que atribuam à empresa a responsabilidade de encontrar uma forma de exibir os resultados das buscas comparativas de compras de forma justa e que tenham flexibilidade para serem aplicados em diferentes aparelhos, independentemente das mudanças tecnológicas, disseram as pessoas. A decisão final, inclusive em relação a possíveis multas, pode ser divulgada nos próximos meses, disseram.

Versão simplificada

Os órgãos reguladores são atormentados pela ordem de 2004 para que a Microsoft vendesse uma versão simplificada de seu software Windows, ridicularizada e considerada inútil pelas fabricantes de computadores e rejeitada pelos clientes. A comissária de concorrência da UE, Margrethe Vestager, também enfrenta as críticas de que as investigações da UE levam tempo demais frente a um setor tecnológico que muda velozmente.

Durante a investigação à Microsoft, a UE ordenou que a empresa removesse um reprodutor de mídia que era fornecido com o Windows -- supostamente dando aos clientes a chance de escolher produtos rivais. Mas a decisão fracassou e a Microsoft informou que apenas 1.787 cópias dessa versão foram vendidas a empresas de varejo e distribuidoras, muitas das quais encalharam nas prateleiras das lojas, contra 35,5 milhões de cópias do software Windows XP completo.

Os órgãos reguladores precisam evitar descrever "com qualquer tipo de detalhe como deve ser o visual da página", disse Thomas Vinje, advogado e porta-voz da Fairsearch, coalizão que inclui Oracle e TripAdvisor. Segundo ele, essa abordagem tem uma "alta probabilidade de se tornar ultrapassada muito rapidamente".

O Google preferiu não comentar sobre possíveis soluções, mas reiterou que o objetivo da empresa é ajudar os consumidores a encontrarem o melhor vendedor para um determinado produto.

O Google é a investigação mais famosa gerenciada por Vestager, que chamou 2017 de "ano G", já que ela busca concluir este caso e também uma apuração com grande carga política à fornecedora de gás russa Gazprom.

Os custos por clique do Google Shopping vêm subindo devido ao crescimento da demanda -- embora os custos por clique em geral venham caindo há anos --, segundo uma pesquisa de 2015 com 1.000 empresas varejistas, feita pela empresa de marketing digital Koozai. A estimativa era que os anúncios em buscas atraíssem quase US$ 16,5 bilhões em gastos na Europa Ocidental no ano passado, segundo relatório da eMarketer.