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Crianças em escavadeiras conseguirão salvar construção nos EUA?

Patrick Clark

28/03/2017 11h55

(Bloomberg) -- Provavelmente só existe um lugar nos EUA onde uma criança de oito anos pode operar uma retroescavadeira, dirigir um rolo compressor e subir mais de 15 metros no braço telescópico de um elevador de construção para admirar a linha do horizonte da Filadélfia, por um ingresso que custa menos de US$ 40.

Esse lugar é um pequeno parque temático em West Berlin, Nova Jersey, chamado Diggerland USA.

Diggerland abriu para a temporada em março, mas mesmo em uma visita recente quando o parque estava fechado, seu apelo contraditório era evidente: crianças pequenas têm a chance de subir em veículos de máquinas de construção pesada.

No pavilhão de alimentos, veículos off-road estavam enfileirados com carregadeiras ? parecidas com pás-carregadeiras ? todos adaptados para que crianças de 90 centímetros de altura possam subir no colo dos pais para mexer nos comandos. O Spin Dizzy, uma escavadeira de 22 toneladas modificada para funcionar como um Gravitron, permanecia imóvel sobre um pedestal, onde pode ser visto de fora do parque.

Nos dias de atividade, os funcionários do parque assumem o controle das máquinas de construção e executam uma coreografia com as escavadeiras, um balé musculoso em que os operadores equilibram os gigantescos equipamentos sobre as rodas laterais ou usam o braço hidráulico de uma escavadeira para tirar todas as quatro rodas do chão.

A ideia do Diggerland, de acordo com seus proprietários, é despertar a curiosidade de quem já passou por um canteiro de obra e imaginou como seria controlar um guindaste ou uma escavadeira. "Nós pegamos algumas máquinas do mundo real e adaptamos para crianças, transformamos em miniaturas", disse Ilya Girlya, que possui e administra o parque junto com seu irmão mais velho Yan. "Você pode dirigir as máquinas e ver como é."

O objetivo dos irmãos Girlya não era preparar futuras gerações de trabalhadores da construção, mas, se a meta fosse essa, eles teriam começado no momento certo. Quando abriram o parque em 2014, o setor de construção dos EUA estava enfrentando uma escassez de mão de obra que ainda não acabou. De acordo com uma pesquisa recente, 82 por cento dos construtores projetam que a disponibilidade e os custos de mão de obra vão ser um grande desafio neste ano.

Os dados federais sobre emprego contam uma história parecida. Em dezembro de 2011, de acordo com o Escritório de Estatística do Trabalho dos EUA, o setor da construção contratou 180.000 trabalhadores e ficou com 43.000 vagas não preenchidas ? o que significa que as empresas conseguiram preencher quatro de cada cinco vagas. Em dezembro de 2016, o setor agregou 231.000 empregos, um sinal de negócios mais robustos que poderiam ter sido aindamais fortes, mas 140.000 dessas vagas não foram preenchidas, 38 por cento da oferta total.

"Talvez não seja possível documentar isso, mas dizem por aí que os orientadores educacionais andam recomendando que as crianças não se contentem com trabalhos em que elas precisem se sujar", disse Ken Simonson, economista-chefe da Associated General Contractors, um grupo do setor. "Temos que combater essa noção de que os jovens precisam de um trabalho de escritório para serem bem-sucedidos."