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Excesso de oferta manterá preços de safras baixos

Agnieszka de Sousa e Andy Hoffman

29/03/2017 14h46

(Bloomberg) -- Os traders agrícolas parecem ter se rendido à ideia de que os preços continuarão baixos.

Anos de safras enormes de grãos, além de preços baixos e uma volatilidade reduzida, tornaram mais difícil para as empresas ganharem dinheiro com a compra e a venda das principais safras, como trigo, milho e soja. Os excessos de oferta, que deixaram os preços dos grãos à beira dos valores mais baixos desde 2009, provavelmente durarão um tempo, disseram executivos na FT Commodities Global Summit em Lausanne, Suíça.

"Os preços continuarão sob pressão a menos que nós tenhamos um problema meteorológico", disse Gonzalo Ramírez Martiarena, CEO da Louis Dreyfus, à conferência na terça-feira.

Durante os anos de boom, o setor prosperou com as oscilações de preço e se expandiu apostando que populações maiores dariam impulso à demanda por alimentos e aos lucros. Mas safras enormes ajudaram a derrubar o Bloomberg Agriculture Subindex quase 50 por cento desde 2012. Isso provocou reformulações em muitas empresas, como a Archer-Daniels-Midland e a Cofco, o colosso chinês dos alimentos.

O setor ainda está sendo atormentado pelo excesso de investimento e pela falta de disciplina na oferta, disse Chris Mahoney, diretor da divisão agrícola da Glencore.

"No momento, não há escassez", disse ele na conferência. "Seria bom que as pessoas não fizessem nada por três ou quatro anos."

Informações

O trading também ficou mais difícil nos últimos dez anos porque o mercado tem mais acesso a informações sobre preços e fluxos físicos, disse Mahoney. Construir relações não é tão importante como antes, e esses problemas não desaparecerão, disse ele. Possuir infraestrutura é fundamental para prosperar no negócio do trading, disse ele.

A Glencore, que vendeu metade de sua divisão agrícola no ano passado para diminuir dívidas, disse no mês passado que deseja se expandir para a agricultura dos EUA. A trader de commodities e mineradora avalia ativos como terminais de exportações e silos no interior do país ou a compra de uma empresa inteira, disseram pessoas familiarizadas com o assunto na época.

"Gostamos de empresas com muitos ativos; o tamanho e a escala certos, grandes ativos", disse Mahoney. Talvez a Glencore leve vantagem na compra de ativos em alguns mercados porque os maiores traders - a ADM, a Bunge, a Cargill e a Louis-Dreyfus - podem sofrer restrições por questões antitrustes em algumas regiões, disse ele.

Talvez comerciantes agrícolas tenham que dar mais ênfase à redução de custos, disse Carl Casale, presidente e CEO da cooperativa de agricultores CHS.

"Não tem tanto a ver com o trading, mas com a administração da rede de abastecimento", disse ele na conferência, e acrescentou que as avaliações de ativos estão muito altas. "Ainda não há oportunidades."