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Você nunca receberá US$ 10 mil por assento em avião da United

Mel Evans/AP/Arquivo
Imagem: Mel Evans/AP/Arquivo

Justin Bachman

28/04/2017 13h50

(Bloomberg) -- O mundo ficou horrorizado ao ver um passageiro da United ser arrastado sangrando para fora de um avião em Chicago, no início do mês. Apesar de o ataque do pessoal de segurança do aeroporto de O'Hare não ter nada a ver com a prática de overbooking, ele foi rapidamente associado à política adotada há tempos de colocar os lucros acima do detentor da passagem. E ela está sendo atacada desde então.

Na quinta-feira, a United e o passageiro maltratado, o dr. David Dao, resolveram a disputa fora dos tribunais. Mas as repercussões foram muito mais amplas e levaram à modificação das políticas de overbooking e até mesmo à eliminação da prática em algumas empresas aéreas. Agora, a tentativa das aéreas de acalmar os passageiros indignados culminou com a promessa de pagamentos elevados pelo assento quando o voo estiver sobrevendido -- de até US$ 10 mil na United Continental e na Delta Air Lines.

Mas se você de repente está planejando embolsar essa grana comprando uma passagem em uma manhã de segunda-feira de pico ou em um voo noturno de sexta-feira, pense bem. Não existe um "prêmio de US$ 10 mil" no aeroporto à espera de um ganhador. Não mesmo.

O overbooking se tornou um componente fundamental para a administração das receitas das empresas aéreas. Trata-se de uma forma racional de preencher todos os assentos do voo frente aos problemas cotidianos inevitáveis que fazem os passageiros perderem ou cancelarem seus voos. Historicamente, quando isso acontece, procuram-se voluntários com a promessa de estádia grátis em um hotel e vouchers de viagem. Se ninguém se apresenta, são selecionados alguns passageiros azarados da classe econômica (os passageiros ricos e os executivos da parte da frente do avião raramente são expulsos). Os selecionados ganham o mesmo quarto de hotel e talvez algum dinheiro e outros presentes, a exemplo dos voluntários.

Pouco provável

Mas voltemos àquele pagamento gordo. É pouco provável que a Delta e a United ofereçam US$ 10 mil para resolver o problema de um voo com overbooking. Primeiro porque não precisam fazê-lo. Duas pessoas que estavam no voo da United Express para Louisville no qual Dao acabou ferido aceitaram menos de US$ 1.000 para desistirem de seus assentos. Uma terceira pessoa se ofereceu para fazê-lo por US$ 1.000. Portanto, uma soma muito inferior a US$ 10.000 parece ser um preço de mercado adequado para uma empresa aérea liberar os assentos que possa chegar a necessitar.

A American Airlines, por sua vez, não revelou uma remuneração máxima, mas estabeleceu uma quantia "apropriada para obter o número certo de voluntários", disse o porta-voz Ross Feinstein.

Em segundo lugar, neste cassino a casa tem todas as cartas. As empresas aéreas decidem quais voos serão sobrevendidos, e por quanto assentos, com base em dados históricos. Elas podem limitar, expandir ou interromper a prática como acharem melhor. A United, por exemplo, planeja reduzir o overbooking; atualmente, apenas 4% de seus voos têm mais clientes com passagens prontos para embarcar do que assentos disponíveis, informou a empresa aérea na quinta-feira.

O overbooking é uma ferramenta das empresas aéreas para melhorar as receitas, mas não é uma necessidade; seus custos serão administrados com atenção a partir de agora. Aquele pagamento máximo mágico? É mais propaganda do que promessa -- você tem mais chances de ganhar US$ 10 mil em Las Vegas do que em um aeroporto.