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Startup de calculadoras quer destronar Texas Instruments

Ian King

12/05/2017 13h36

(Bloomberg) -- A startup do Vale do Silício Desmos está perseguindo um dos nomes mais antigos do setor de tecnologia, a Texas Instruments, em uma área que normalmente não está associada às inovações de ponta: a das calculadoras portáteis.

Fundada em 2011, a Desmos desenvolveu um programa de calculadoras gráficas gratuitas que roda em smartphones e computadores, eliminando a necessidade de um aparelho separado. O aplicativo, que pode ser baixado, conquistou usuários e o apoio das mesmas organizações de testes e editoras de livros didáticos que aprovaram os produtos da Texas Instruments para exames como o de ingresso universitário dos EUA, o SAT. Nesta semana, um grupo chamado Smarter Balanced Assessment Consortium deu sua bênção à Desmos. A organização supervisiona alguns testes padronizados para estudantes de Ensino Fundamental e Ensino Médio em 15 estados dos EUA, incluindo Califórnia, Connecticut e Michigan.

"Nós achamos que os estudantes não deveriam ter que comprar essa tecnologia antiga, anterior à era da internet", disse Eli Luberoff, fundador da companhia. "Esse mercado está mudando. Um monopólio está desmoronando."

Calculadoras como a TI-84 são itens básicos para a maioria dos estudantes que buscam ingressar em uma universidade nos EUA. Elas são vendidas por cerca de US$ 100, sendo que modelos com mais recursos saem por mais que o dobro desse valor. Segundo a Desmos, elas são feitas com uma tecnologia antiga e fraca que não se compara sequer à capacidade de um smartphone de qualidade média ou à de um laptop barato.

Mas as limitações são positivas, segundo a Texas Instruments, que tem sede em Dallas e lançou sua primeira calculadora de bolso em 1967.

"Nossos produtos incluem apenas os recursos que os estudantes precisam na sala de aula, sem as muitas distrações nem as preocupações com a segurança durante provas geradas por smartphones, tablets e acesso à internet", disse Peter Balyta, presidente de tecnologia para educação da Texas Instruments.

Os aplicativos on-line podem ser gratuitos, mas exigem uma conexão e dispositivos para acessá-los, disse ele. Este pode ser um custo elevado para escolas e indivíduos.

A Desmos responde que, à medida que os testes migrarem para a internet, sua calculadora poderá ser integrada ao exame. Softwares do tipo travam os computadores para não permitirem nada além da prova. Como seu software é gratuito para os estudantes, ele também remove um encargo financeiro das famílias com poucos recursos.

A Texas Instruments, que foi criada com o nome Geophysical Service em 1930, não revela especificamente a receita obtida com as calculadoras. As vendas dos aparelhos são incluídas em uma categoria que engloba a renda com licenciamento e alguns outros processadores. Esse grupo respondeu por 4 por cento dos US$ 13,4 bilhões em vendas da empresa em 2016.

O software da Desmos computa 300.000 horas de uso por estudantes de 146 países a cada mês, informou a startup. Apesar de oferecer o software gratuitamente para indivíduos, a empresa cobra das organizações que o utilizam, com as editoras, o que gera receita para a companhia com sede em São Francisco.