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Asiáticos buscam transações no setor de carne do Uruguai, diz fonte

Ken Parks

16/05/2017 13h58

(Bloomberg) -- Investidores asiáticos devem comprar mais frigoríficos uruguaios, ampliando a série de transações dos últimos anos, porque o setor de carne bovina do país oferece potencial de crescimento das exportações, de acordo com um processador que pediu para não ser identificado.

Eduardo Urgal, diretor do frigorífico Ontilcor, disse que diversas empresas asiáticas expressaram interesse em adquirir a companhia nos últimos seis meses, embora essas abordagens não tenham levado a negociações para uma aquisição. A família de Urgal possui uma participação majoritária na Ontilcor, que opera com a marca Frigorífico Pando.

"É muito provável que o capital asiático, especialmente o chinês, ganhe terreno no setor de frigoríficos do Uruguai", disse ele, em entrevista no dia 10 de maio na fábrica da Ontilcor em Pando.

O Uruguai, que tem cerca de 3,5 milhões de habitantes e 12 milhões de cabeças de gado, ganhou destaque como fornecedor internacional de carne bovina sem hormônios, de animais alimentados com pasto. Urgal disse que uma perspectiva de juros favoráveis nos EUA e o potencial do Uruguai de aumentar sua produção de carne bovina estão estimulando o interesse estrangeiro nos frigoríficos locais.

A carne do país tem reputação de ser de alta qualidade, e este é um forte argumento de vendas na China em meio aos receios da população quanto à segurança dos alimentos locais, disse Urgal. A importância da segurança foi salientada em março, quando a China proibiu temporariamente as exportações oriundas do Brasil porque frigoríficos locais foram acusados de subornar inspetores e vender alimentos adulterados.

Demanda chinesa

No entanto, os investidores asiáticos não são os primeiros a chegar ao setor de carne bovina do Uruguai, já dominado pelas gigantes brasileiras JBS, Marfrig Global Foods e Minerva. No mês passado, a japonesa NH Foods afirmou que decidiu comprar a Breeders & Packers Uruguay por US$ 135 milhões. A chinesa Heilongjiang Foresun Group também adquiriu matadouros no Uruguai e na Argentina nos últimos dois anos.

Essas transações reduziram o conjunto de frigoríficos grandes e independentes no Uruguai com acesso aos mercados de exportação a cerca de cinco companhias, e os preços potenciais vão de US$ 25 milhões a mais de US$ 100 milhões, disse Eduardo Blasina, diretor da empresa de consultoria agropecuária Blasina & Asociados.

A carne bovina foi o principal produto de exportação do Uruguai em termos de valor no ano passado, com US$ 1,48 bilhão, e a China adquiriu US$ 498 milhões, de acordo com dados compilados pelo Instituto Nacional de Carnes (Inac) uruguaio. O Departamento de Agricultura dos EUA projeta que o país sul-americano será um dos dez maiores exportadores de carne bovina deste ano.

Urgal considera que as exportações chegarão a aumentar 10 por cento em volume e 7 por cento em valor neste ano. O rebanho de gado do Uruguai poderia chegar a 13 milhões até o fim de 2020 se as iniciativas para elevar as taxas de reprodução derem frutos e os ranchos reduzirem as exportações de gado vivo, disse ele. Isso possibilitaria que os frigoríficos, que já sofrem um excesso de capacidade de 30 por cento, aumentem o abate, de quase 2,3 milhões de animais em 2016 para cerca de 2,7 milhões por ano, acrescentou ele.