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Uma das melhores ofertas do mercado de arte está sendo ignorada

James Tarmy

19/05/2017 14h20

(Bloomberg) -- Como os preços das obras dos artistas americanos de meados do século atingiram montantes que assustam até os bilionários, os negociantes se voltaram para a Coréia do Sul, o norte da Itália e a zona rural de Cuba para "descobrir" pessoas cujos mercados ainda tinham espaço para crescimento. Mas, folheando os anais da história da arte ocidental, colecionadores experientes podem se surpreender ao descobrir que obras de alguns dos artistas mais importantes do século 20 continuam sendo pechinchas escondidas à vista de todos.

Esses colecionadores podem começar com Nam June Paik (1932-2006), um coreano nascido nos EUA que é considerado o pai da videoarte. O trabalho de Paik, que começou com performance e composição, depois passou para a videoarte, está na coleção permanente de museus de todo o planeta. O arquivo de Paik, além disso, está na Smithsonian Institution, e em 2015 seu espólio anunciou que seria representado pela poderosa e multinacional Gagosian Gallery.

No entanto, os preços das obras de Paik, embora não estejam no nível de um mercado de pulgas (geralmente variam entre US$ 20.000 e US$ 200.000, com alguns casos acima de US$ 1 milhão), são baixos em comparação aos das obras de contemporâneos como Robert Rauschenberg, que costumam ser vendidas por dez vezes mais.

"Paik é uma figura muito importante para o desenvolvimento histórico e artístico dos últimos 40 anos", disse Heike Grossmann, diretora da Galerie Thomas Modern, em Munique, que organizou uma exposição no ano passado com obras de Paik e do artista Joseph Beuys, seu colega mais conhecido. "Mas em comparação com outros [artistas similares], ele é subestimado no mercado", disse ela.

Agora, quando seis obras de Paik irão a leilão neste segundo trimestre em Nova York, Seul e Hong Kong, com preços que vão de US$ 3.000 a US$ 230.000, os negociantes analisam as causas da relativa obscuridade de Paik no mercado. A maioria dos motivos de sua relativa falta de popularidade parece se resumir à escassez de consciência da história da arte por parte dos colecionadores, à ausência de apoio de uma galeria agressiva e, em menor medida, às preocupações com a condição de longo prazo da obra. A última causa possível - saber se as pessoas de fato estão dispostas a pagar centenas de milhares de dólares por videoarte - só foi esclarecida na última década: no ano passado, um vídeo do artista Bruce Nauman foi vendido por US$ 1,6 milhão na Christie's New York, e o trabalho do artista Bill Viola (recorde em leilão: US$ 700.000) é vendido regularmente por mais de US$ 200.000 em leilão público.

Muitos negociantes

Muitos vendedores vendiam as obras de Paik, mas não havia uma galeria que controlasse seus canais de distribuição - e, por extensão, seus preços. "Eu diria que suas obras ficaram meio perdidas no mercado durante vários anos", disse Nick Simunovic, diretor da Gagosian Gallery Hong Kong, que administra o espólio de Paik. "Em parte pela ausência de uma galeria forte, mas também acho que havia uma sensação de que o aspecto tecnológico das coisas talvez pudesse afastar os colecionadores."

Sem um negociante para apaziguar os receios dos colecionadores e lutar por preços fortes, o mercado das obras de Paik afundou. "Obras-primas estão sendo vendidas por US$ 600.000", disse Hans Mayer, cuja galeria homônima em Dusseldorf vende obras de Paik há mais de 25 anos. "Considerando a importância do artista, elas deveriam estar sendo vendidas na faixa de US$ 1,2 milhão."