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Sem super-heróis, cinema indiano está pronto para ressurgir

Jacqueline Thorpe e Siddharth Vikram Philip

24/05/2017 12h02

(Bloomberg) -- Uma fábula de vingança e um drama de luta feminina estão batendo recordes de bilheteria na Índia e no exterior, o que dá uma dose de ânimo à indústria cinematográfica do país após anos sem brilho.

Mas, em uma possível metáfora da economia emergente, o setor é uma potência que luta para se expandir. Apesar de produzir mais filmes do que qualquer outro país, ele é prejudicado por diversos problemas, da infraestrutura ultrapassada à pirataria desenfreada, e gera uma fração da renda de Hollywood.

"Baahubali 2: A Conclusão", arrecadou mais de 15 bilhões de rúpias (US$ 230 milhões) nas bilheterias desde sua estreia, em 27 de abril, e já é o filme de maior sucesso na Índia, de acordo com Ramesh Bala, analista que monitora arrecadações de bilheteria na Índia. O filme, que conta a saga de um príncipe para recuperar o trono das mãos de seu tio maligno, está sendo comparado a "300" devido aos efeitos visuais épicos, ao protagonista cheio de músculos e ao orçamento de US$ 40 milhões.

Na outra extremidade do cânone cinematográfico, "Dangal", a história verdadeira de um ex-treinador olímpico que levou suas filhas a ganhar medalhas em luta livre nos Jogos da Commonwealth, está no topo da bilheteria na China, de acordo com a consultoria de entretenimento EntGroup.

Esses filmes chegam depois de alguns anos de lentidão para o cinema indiano. A receita de bilheteria na Índia caiu 1,6 por cento no ano passado, e o setor como um todo ? incluindo a venda de direitos de filmes indianos no exterior ? cresceu apenas 3 por cento, para 142,3 bilhões de rúpias (US$ 2,2 bilhões), segundo um relatório de março da KPMG e da Federação das Câmaras de Comércio Indianas (FICCI, na sigla em inglês). Isso se compara a uma média de 7 por cento nos últimos três anos.

Embora prolífico, o setor também está menos produtivo. A Índia produz entre 1.500 e 2.000 filmes por ano e gerou cerca de US$ 2,2 bilhões no ano passado. Isso se compara com a renda de cerca de 700 filmes produzidos nos EUA e no Canadá em 2015, cerca de US$ 11 bilhões, de acordo com um relatório da Deloitte em setembro.

Ao mesmo tempo, caiu o número de filmes de Bollywood que geraram um retorno positivo sobre o investimento, de 27 em 2014 para 18 no ano passado, de acordo com KPMG-FICCI. Bollywood abrange filmes em hindi produzidos majoritariamente em Mumbai.

Isso se deve aos problemas que assolam grande parte da economia indiana: infraestrutura deficiente, pouca capacitação, um regime fiscal complicado e o mercado negro.

Mas há boas notícias. O cinema regional tem visto uma onda de atividade. "Baahubali" vem de Tollywood, amálgama do idioma Telugu e Hollywood que se refere à indústria cinematográfica no sul da Índia. A introdução do imposto de bens e serviços da Índia, em 1º de julho, simplificará o sistema tributário e permitirá que cineastas reivindiquem um crédito sobre os serviços, o que reduzirá os custos de produção, de acordo com a Deloitte.

E sem contar "Baahubali", que é mais divertido do que intelectualmente sofisticado, a qualidade cinematográfica está melhorando, afirmam KPMG-FICCI.

"O conteúdo de qualidade, forte, diferenciado e que transmite uma mensagem se tornou o fator indispensável para o sucesso dos filmes em 2016, o que enfatiza ainda mais o fato de que o público se tornou mais exigente no consumo de conteúdo", segundo o relatório.